segunda-feira, setembro 07, 2009

RECORDAÇÕES DE ÁFRICA - A floresta equatorial





Vista de cima, a floresta equatorial é um verdadeiro mar interior em que as suas ondas de verdura se estendem a perder de vista. Ela ocupa o interior de uma depressão em forma de bacia e cobre quase da metade setentrional do país, desde o lago Tumba até aos contrafortes do Ruwenzori.
Ela cresceu no lugar de um imenso lago pré-histórico do qual restam apenas os lagos Mai Ndombe e Tumaba.
O terreno, quase sempre pantanoso é o lugar de predilecção de uma fauna inumerável onde estão representados todos os géneros. Mas é, sobretudo o seu solo extraordinariamente rico que é favorável à vegetação.
Pela estrada, logo que ultrapassa os espaços ocupados pelas aldeias, o viajante é brutalmente rodeado por essa massa vegetal que lhe impõe respeito. O intruso, o temerário que se arrisque a entrar nela, pouco tempo depois desistirá e retomará o ponto de partida com um certo alívio.
Os que a conhecem melhor, o caçador, o feiticeiro não se aventuram para além das clareiras, das margens dos rios e das pistas que a serpenteiam sob um emaranhado verde onde nem o sol entra.
Apesar de existirem muitas lendas a dizer o contrário, tanto as caçadas, como as suas misteriosas feitiçarias e encantamentos têm sempre lugar perto das aldeias.
Numa extensão de milhares de quilómetros quadrados balanceia a mesma cortina de verdura viçosa, densa e uniforme. E esta demonstração extraordinária de vitalidade, de majestosa força, esconde um tal mistério, um desafio tão desigual para o homem que o leva a que fale dela sempre com uma deferência especial.
Mesmo para os seus familiares mais íntimos, a orgulhosa floresta virgem do Equador, despe-se apenas através de pequenas clareiras periféricas.
Apesar disso ela constitui a mãe protectora e alimentícia, fornecendo tudo: carne, tubérculos, legumes, cogumelos variados e até os seus medicamentos com virtudes incontestáveis, cujas técnicas de fabricação continuam preciosamente guardadas correndo até o risco de se perderem na eterna noite da selva.
Assim, o visitante tem de contentar-se de ver apenas da beira da estrada, da picada, as palmeiras, os aloés, as ráfias, várias espécies de coníferas e outras árvores exóticas ao troco das quais se enroscam lianas que sobem a trinta ou quarenta metros em busca de um lugar ao sol.
São várias as espécies de madeiras preciosas da floresta equatorial que podem ser utilizadas na indústria de móveis ou na de construção, destacando-se, entre outras as espécies: mépépé, émien, mukulungu, iroko, mubangu negro, tola, limba, wenge e a tshitola. Muitas outras podem servir para a obtenção de pasta para papel.
A floresta equatorial do Congo continua intacta, rica, extensa, no resto do mundo os efeitos combinados da indústria, do urbanismo e os incêndios, fazem da madeira uma matéria-prima essencial.
É por isso que com todo este potencial a floresta virgem equatorial poderá vir a servir de base para um novo pólo de desenvolvimento económico para a província do Equador e, logicamente, para o país.
Entretanto e enquanto ela não for violada pela máquina e devorada pelas indústrias modernas, orgulhosa, ela continuará a reinar serenamente guardando os seus mistérios e muitas riquezas no seu subsolo.

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