sábado, novembro 01, 2008

Numa manhã de Outono



Desceu a temperatura, as noites começam a estar frias, os dias são mais pequenos e as noites mais longas. Chegou o Outono!
Ele vem – cumprindo o calendário de Deus que o homem ainda não conseguiu alterar completamente – ele vem, dizia eu, devolver à Terra as roupagens com que ela se vestiu no Verão…
Hoje é Domingo, a manhã está fria, mas o céu está azul. Todos os anos, nestes primeiros dias do Outono, gosto de passear pelo meu quintal e admirar todos estes mistérios da Natureza!
Como na vida, as estações do ano têm, também, cada uma, as suas belezas e os seus atractivos próprios. Como um pintor que mistura na sua paleta várias cores para fazer um belo quadro, assim o Outono pintalgou tudo isto com belos e variegados tons!...
E como agora está mais amena a temperatura, venham comigo e apreciem a beleza deste tapete colorido; vejam a beleza daquela mistura de cores das folhas das videiras, além, na parreira; apreciem este gigantesco porco-espinho que é o castanheiro, com os seus ouriços, alguns de boca aberta, rindo, mostrando os dentes – as castanhas!
Vejam aqui as romãs, coradas, macias, como a tez de um bebé recém-nascido!
Ali, à direita, a groselheira com os seus frutos vermelhos – o supermercado da passarada. Vejam aquele casal de rolas que esvoaçou mal me pressentiu, e que já vai de papinho cheio!
Lá ao fundo, o azevinho e as suas bolinhas: umas verdes, outras acastanhadas, outras cores do carmim; a nogueira, carregada de frutos, alguns com o invólucro ainda verde, outros já abertos com as nozes prestes a cair!
Aqui, a contrastar com o despontar de novos frutos das laranjeiras, o fim das rosas com a queda das pétalas que juncam o chão e fazem um tapete multicolor e viscoso. O princípio e o fim. Como na vida. Uns nascem e outros morrem!...
E este cheiro a mosto vindo da adega de algum vizinho onde o vinho ainda ferve e que ao misturar-se com esta fragrância que se exala da terra fecundada pela chuva que caiu há dias, produz em nós um sensação de tão indizível bem-estar e de tanta espiritualidade que se torna impossível descrever?!...
E a carícia deste brando vento vindo da Serra que faz estremecer as folhas das laranjeiras e desprender as gotas de água que caem na terra como lágrimas de alegria e de reconhecimento pela chuva – essa riqueza que veio do Céu!
Encham os pulmões com este ar puro e sorvam esta brisa fresca e saudável que tonifica o corpo e reconforta a alma!
É Outono, caem as folhas. Na Natureza como na Vida, há sempre Deus. Há fim, e há recomeço. Há sempre beleza. Há encanto, e há sempre um sonho que se desfaz, e uma esperança que renasce...