Se há gente que pensa tudo conhecer e
nada sabe, há também os que, reconhecendo que pouco sabem, vão sempre
procurando enriquecer-se culturalmente.
E nestas coisas do saber há ainda muitos
que, erradamente perfilham a ideia de que só nas Universidades se adquire o
verdadeiro conhecimento das coisas e das pessoas.
Em contrapartida, outros há que a partir
de certa idade e escondendo-se atrás do velho ditado que diz que «burro velho
não aprende línguas», se acomodam, param, esquecendo, até, por vezes, o pouco
que aprenderam. Ora, nunca é tarde para aprender e, hoje, felizmente, são
muitos os caminhos que conduzem aos locais de aprendizagem.
E para que a cultura «seja aquilo que
resta quando tudo se esqueceu», é necessário, no entanto, saber qualquer coisa.
E esse «qualquer coisa» está ao alcance de cada um de nós.
A cultura é, sem discussão possível, um
dos grandes estimulantes da vida. Ela contribui para enriquecer o espírito e o
seu abandono caracteriza a decadência e traduz-se sempre numa derrota da
liberdade. Elemento essencial do conhecimento, ela é um viático que nos
acompanha no difícil caminho da verdade. É uma bagagem indispensável para o
entendimento humano e a única arma para vencer a servidão.
Na discussão sobre a igualdade a cultura
que cada um traz consigo, é a maior fonte de vitalidade e um contributo
essencial para a autonomia do indivíduo. E esses conhecimentos servem, sobretudo,
para melhor compreendermos os problemas sociais, económicos, mediáticos e humanos
quando com eles confrontados.
Tudo isso nos ajuda também a captar
melhor, e melhor compreender as inovações culturais da época em que vivemos sem
no entanto sacrificar ou esquecer a importância dos feitos passados.
A cultura é prazer e necessidade, como
tudo o que é essencial na vida, do amor ao bom vinho, pois muito embora prazer
e necessidade sejam de sinais opostos, com ela, eles completam-se.
Para que a cultura seja «aquilo que
resta quando tudo se esqueceu», é necessário, no entanto, saber qualquer coisa.
Hoje os caminhos de acesso à cultura são imensos e não cessam de se melhorar.
Se antigamente as elites das grandes cidades se cultivavam mais facilmente que
as populações da província, hoje essas populações, quando há vontade e curiosidade
podem também aceder facilmente ao conhecimento das coisas.
Cultiva-se ainda hoje a ideia errada de
que só nas Universidades se aprende. Embora o autodidacta tenha sempre
existido, hoje ele tem a tarefa mais facilitada graças às novas tecnologias da informação.
Hoje só não aprende e só não se cultiva quem não quer. Nunca é tarde para
aprender.