Aceitar com confiança e resignação os percalços e os
momentos difíceis com que, por vezes, somos confrontados, são a maneira mais
eficaz para minorar a nossa ansiedade e simplificar o nosso dia-a-dia.
É certo que por vezes a vida nos põe perante situações
angustiantes e de extrema complexidade que quase nos roubam a nossa capacidade
de raciocinar. Mas é precisamente nessas alturas que é posta à prova a nossa
força interior, aquela mola invisível que muitas vezes deixamos enferrujar por
falta de uso.
Quando tudo nos corre de feição, esquecemo-la, não nos
servimos dela diminuindo assim a sua elasticidade e subestimando a sua
amplitude. Ao proceder dessa maneira, mais difícil se torna despertá-la para a
distender e nos servirmos dela nos momentos de amargura. Por isso é necessário
mantê-la sempre em bom estado de conservação, e isso só se consegue se
acreditarmos em nós próprios e confiarmos nos dons com que Deus mos dotou para
fazer face às adversidades.
Há também quem desconheça essa força interior e em vez de fazer
uso dela procure ajuda exterior. No entanto, a maior parte dos nossos problemas
reside na arte de saber acordar essa força que dorme no interior de nós mesmos.
E a maneira mais eficaz para esse despertar consiste em estimular os nossos
sentimentos…
Fui há dias visitar um amigo que se encontra no hospital.
Ao percorrer os corredores, e numa espreitadela furtiva pelas camas alinhadas
nas enfermarias, olhando os doentes, (alguns bastante mal) espontaneamente, uma
prece silenciosa, rompeu a atmosfera de dor e sofrimento que me envolvia e
subiu até Deus num agradecimento mudo, mas sincero.
Não há melhor bênção do que a saúde! Mas, distraídos que
andamos, só nesses lugares é que lhe damos o real valor. Porquê tanto egoísmo,
tanto ódio, tanta inveja e tanta revolta?
Com tudo isto queria
eu dizer que se na vida de cada um de nós há situações verdadeiramente
inevitáveis, outras há – a que poderíamos até chamar de facultativas – às quais
podemos muito bem fugir ou evitar…
Todos sabemos que a vida é uma teia urdida com as mais
variadas dificuldades. Mas para melhor a suportar, para melhor vivermos, para
termos paz, tranquilidade, e um pouco de bem-estar, por que não procurar
combater as nossas angústias, os nossos medos e as nossas contrariedades
recorrendo a esse legado espiritual, esse dom que Deus nos concedeu?
Não é a Fé um incomensurável poder que alimenta a vida? Ter
Fé e procurar nela a humildade a tolerância e o perdão, é como que renovar a
vontade de viver em paz com nós próprios, reforçar a nossa auto-estima e, implicitamente,
partilhar o nosso bem-estar com os que nos rodeiam.
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