segunda-feira, setembro 12, 2016

CHAMAR OS BOIS PELOS NOMES


Com esta praga nacional de larápios, de golpistas, de corruptos e de oportunistas espalhados de norte a sul do rectângulo, admira-me que não tenha surgido ainda um Organismo próprio para eternizar os seus nomes em ruas ou em estátuas!
Eles são tantos e tão "importantes" que mereciam ser distinguidos quanto mais não fosse para que as gerações vindouras tivessem em quem descarregar a sua revolta quando soubessem quem lhes estragou a vidinha e o futuro!
Fazem-se sondagens e elaboram-se estatísticas quase diariamente, mas como é impossível fazê-las para apresentar números e dar a conhecer ao povo a percentagem de homens honestos que ainda existem no país, cá vamos vivendo nesta promiscuidade democrática, assistindo à subida fulgurante de uns e à derrocada estrondosa de outros.
Quem mais surripia, quem mais infringe, quem mais corrompe, quem mais ganha e menos faz em maior herói se transforma. 
Num país em que a prodigalidade na atribuição de condecorações e honrarias faz parte integrante do folclore nacional, não distinguir esses heróis é falsear a história. 
Não é preciso ter qualquer canudo, seja em que área for, para se perceber que a galopante degradação da sociedade, nomeadamente no capítulo da honestidade, não pressagia nada de bom para o futuro.
O materialismo reinante e o abuso do poder fazem com que sejam cada vez mais os desmandos, e que a competência, a responsabilidade e a seriedade sejam cada vez menos exigidas para o desempenho de qualquer missão.
O indígena que hoje é capa de jornal por ter sido acusado do desvio de uns milhões, de procedimento menos civilizado, de falcatruas ou de recebimento de dinheiros indevidos, amanhã aparece nos mesmos jornais, nomeado para outro cargo, algumas vezes até de maior relevo do que aquele que ocupava anteriormente! 
Perdeu-se a noção da realidade das coisas – a noção do que está bem, do que está mal, a diferença entre a desonestidade e a honradez, a destrinça entre o homem honesto e o criminoso.
Agir assim é o mesmo que conceder à impunidade uma espécie de desígnio nacional.

Sem medidas urgentes e perante tanta injustiça, qual a reacção, a médio prazo, do honrado cidadão desfavorecido e carenciado em relação a esse bando de ladrões e parasitas que vive na opulência e se passeia impunemente pelas nossas ruas?

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