Com
esta praga nacional de larápios, de golpistas, de corruptos e de oportunistas
espalhados de norte a sul do rectângulo, admira-me que não tenha surgido ainda
um Organismo próprio para eternizar os seus nomes em ruas ou em estátuas!
Eles
são tantos e tão "importantes" que mereciam ser distinguidos quanto
mais não fosse para que as gerações vindouras tivessem em quem descarregar a
sua revolta quando soubessem quem lhes estragou a vidinha e o futuro!
Fazem-se
sondagens e elaboram-se estatísticas quase diariamente, mas como é impossível
fazê-las para apresentar números e dar a conhecer ao povo a percentagem de
homens honestos que ainda existem no país, cá vamos vivendo nesta promiscuidade
democrática, assistindo à subida fulgurante de uns e à derrocada estrondosa de
outros.
Quem
mais surripia, quem mais infringe, quem mais corrompe, quem mais ganha e menos
faz em maior herói se transforma.
Num
país em que a prodigalidade na atribuição de condecorações e honrarias faz
parte integrante do folclore nacional, não distinguir esses heróis é falsear a
história.
Não
é preciso ter qualquer canudo, seja em que área for, para se perceber que a
galopante degradação da sociedade, nomeadamente no capítulo da honestidade, não
pressagia nada de bom para o futuro.
O
materialismo reinante e o abuso do poder fazem com que sejam cada vez mais os
desmandos, e que a competência, a responsabilidade e a seriedade sejam cada vez
menos exigidas para o desempenho de qualquer missão.
O
indígena que hoje é capa de jornal por ter sido acusado do desvio de uns
milhões, de procedimento menos civilizado, de falcatruas ou de recebimento de
dinheiros indevidos, amanhã aparece nos mesmos jornais, nomeado para outro cargo,
algumas vezes até de maior relevo do que aquele que ocupava anteriormente!
Perdeu-se
a noção da realidade das coisas – a noção do que está bem, do que está mal, a
diferença entre a desonestidade e a honradez, a destrinça entre o homem honesto
e o criminoso.
Agir
assim é o mesmo que conceder à impunidade uma espécie de desígnio nacional.
Sem
medidas urgentes e perante tanta injustiça, qual a reacção, a médio prazo, do
honrado cidadão desfavorecido e carenciado em relação a esse bando de ladrões e
parasitas que vive na opulência e se passeia impunemente pelas nossas ruas?
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