segunda-feira, fevereiro 09, 2015

VELHO?.... NÃO!...


Chegou-me pelo correio uma carta sem remetente e sem qualquer outra indicação. Em reforço, um telefonema anónimo indicando que uma cópia tinha sido enviada para a Redacção. Dentro do sobrescrito, apenas uns versos. Sem autor e sem data. Tenho por hábito e princípio dar um único destino às cartas anónimas – o cesto dos papéis.
No entanto, hoje, vou abrir uma excepção, e vou publicar o seu conteúdo. Por dois motivos. O primeiro relaciona-se com o facto de, ao publicá-lo, levar o seu autor a reivindicar a posse; o segundo  tem a ver com uma questão de identificação: se eu fosse poeta diria exactamente a mesma coisa. É o que penso e o que sinto. Sou eu a falar. É o meu pensamento vestido de letras…

«Não! Eu nunca serei um velho.
Por tudo aquilo que sinto,
E quando me vejo ao espelho,
Ele me diz que não minto.

Podem dizer: Que vaidoso!
Natural, a idade avança,
Acontece, quando o idoso
Se torna outra vez criança…

Não, não é gabarolice,
É forte disposição,
Pois não pode haver velhice,
Quando há paz no coração.

Vou saboreando este gosto,
Serenamente, com calma,
Conservando no meu rosto,
Esta paz que me vai na alma.

Quando a vida estiver finda,
Já dentro do meu caixão,
Eu direi sempre, sempre e ainda,
Morto, sim, mas velho, NÃO!...»

O título desta minha crónica de hoje foi roubado. Não o fiz deliberadamente e estou pronto a devolvê-lo a quem o escreveu. Mas por tão bem e por tão fielmente ter traduzido os meus sentimentos, e apesar de anónimo, para o autor, o meu bem-haja!



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