sábado, fevereiro 28, 2015

A BRIGADA DO CROQUETE


Muito se tem escrito e falado acerca de Confrarias disto, daquilo e daqueloutro, porém nada tenho lido sobre a “Brigada do Croquete”, que é também uma Instituição de cariz folclórico e relacionada com práticas pantagruélicas e libações báquicas.
Sem desprimor para as demais, esta é, no meu entender, a Instituição portuguesa mais democrática, portanto a mais popular e a mais aberta - a mais democrática porque a ela todos podem ter acesso, seja nobre ou plebeu, doutor ou analfabeto; mais popular, porque não há hierarquias, não há chefes nem vice-chefes; e a mais aberta, porque as suas mais importantes reuniões têm entrada grátis.
As “Brigadas do Croquete” existem de Norte a Sul do País e ao contrário do que acontece com outras associações do género, não são regidas por espartilhados estatutos ou quaisquer regulamentos.
No entanto isso não impede que os seus membros não cumpram determinadas regras. Por exemplo, a sua assiduidade é exemplar! 
A sua presença é mais frequente em acontecimentos de índole política, pois como sabemos, há muita gente que tem a barriga no cérebro e o Croquete desempenha um elevado poder sedutor e ao mesmo tempo anestesiante no que diz respeito à percepção instintiva da ciência política.
Assim, à mais pequena inauguração, à mais insignificante requalificação e até mesmo à reinauguração de um fontanário já inaugurado, os seus membros nunca faltam.
E mesmo quando o vento sopra do quadrante oposto, eles não falham, porque nos seus guarda-fatos há sempre fatiotas especiais a condizer com a cor da organização do acontecimento.
Os membros da “Brigada do Croquete” não são esquisitos. Em questões de paparoca eles são polivalentes - e tanto alinham no croquete como numa boa sardinhada ou numa feijoada ornamentada com fatias de porco no espeto.
Os membros da “Brigada do Croquete”, geralmente, não têm clube ou se o têm não usam emblema. Batem palmas em todos os “encontros”, porque no final são eles que ganham, pois vão comendo à custa do Orçamento e como diz o ditado,” ou comem todos ou não há moralidade”...
E por falar em moralidade, os membros da “Brigada do Croquete” não são de intrigas, pois nunca criticam nem os assuntos discutidos nem aqueles que os discutem...
E não o fazem, porque nunca ouvem patavina do que se diz durante a arenga. Uns, porque aparecem apenas na altura de dar ao dente e outros, porque estão já a pensar no croquete, na sardinhada ou no porco no espeto.
Chamem-lhes tolos...

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