domingo, agosto 16, 2009

RECORDAÇÕES DE ÁFRICA - Explicação aos leitores





A respeito das notas que temos vindo a publicar sobre África e porque convém conhecer, ainda que resumidamente, esse território africano de que se fala, segue-se um pequeno texto assinado por Elisée Bj’elongo e publicado em Esperanto na Revista holandesa “Kontakto”e traduzido pelo Clube de Esperanto de Campos (Brasil) sob o título “Como nasceu a República Democrática do Congo”:
«Tudo teve início no começo do século XIX, quando o mundo começou a interessar-se pela África. Por volta de 1850 o Congo independente atraiu o interesse de povos da raça branca, principalmente alemães, que vieram à procura de minerais e para fins comerciais. Durante a Conferência de Berlim em 1884/1885 o Congo foi doado à Bélgica, que explorou o país como quis. Os cidadãos deviam trabalhar à força. Pouco a pouco a coisa tomou outro rumo. O Congo tornou-se propriedade do rei Leopoldo II. Ele apropriou-se do Ruanda-Urundonusumburam, que veio a ser posteriormente Ruanda e Burundi. Essas duas últimas dependeram, principalmente, da cidade de Leopoldo (actual Kinshasa), para sua administração. Quanto mais a cidade de Leopoldo prosperava, mais o rei Leopoldo enriquecia. Felizmente, ele era muito trabalhador e construiu muitas cidades bonitas. A cidade de Leopoldo tornou-se uma das maiores e mais bonitas cidades da África daquela época. Construíram-se não só muitos apartamentos para missionários, mas também muitas escolas primárias e secundárias.
Como aconteceu a Independência
Até aos anos 50 do século XX o Congo tinha muitos intelectuais que se interessavam pela política do território. Emery Patrice Lumumba tornou-se primeiro-ministro do primeiro governo independente, cujo presidente era Joseph Kasavubu. Este último, também militar graduado, foi usado pelos brancos enquanto Lumumba lutava ao lado do partido MNC (Movimento Nacional Congolês) pregando o africanismo e exigindo a independência do país. Fundaram-se alguns outros partidos, como por exemplo, o ABACO. Entre outras coisas e pela acção desse famoso cidadão os brancos decidiram, finalmente, libertar o Congo. A 30 de Junho de 1960, foi proclamada a independência do país, que, posteriormente, foi denominado República Democrática do Congo.»
Os acontecimentos e relatos que têm vindo a ser publicados dizem respeito ao espaço compreendido entre 1950 e 1980, data a que deixamos aquele País africano. Embora já o tenhamos feito anteriormente, para uma melhor compreensão, socorremo-nos de notas colhidas em várias fontes, nomeadamente na Wilkipedia.
A região é ocupada na antiguidade por bantos da África Oriental e povos do rio Nilo, que ali fundam os reinos de Baluba e do Congo. Em 1878, o explorador Henry Stanley funda entrepostos comerciais no rio Congo, sob ordem do rei belga Leopoldo II. Na Conferência de Berlim, em 1885, que divide a África entre as potências europeias, Leopoldo II recebe o território como possessão pessoal. Em 1908, o Estado Livre do Congo deixa de ser propriedade da Coroa e torna-se colónia da Bélgica, chamada Congo Belga.
O movimento nacionalista tem início nos anos 50 sob liderança de Patrice Lumumba. Em 30 de Junho de 1960, o Congo conquista a independência com o nome de República do Congo – em 1964 é acrescentado o adjectivo "democrática". Lumumba assume o cargo de primeiro-ministro e Joseph Kasavubu, a Presidência. A maioria dos colonos europeus deixa o país. Em Julho de 1960 eclode uma rebelião contra Lumumba, liderada por Moïse Tshombe. Antes do final do ano, Kasavubu afasta Lumumba do cargo de primeiro-ministro num golpe de Estado. Lumumba é sequestrado e assassinado em Janeiro de 1961. Tropas de diversos países (incluindo o Brasil) são enviadas pela ONU para restabelecer a ordem, o que ocorre em 1963, com a fuga de Tshombe. As tropas da ONU retiram-se em Junho de 1964. Dias depois ocorre uma reviravolta: Tshombe regressa e assume a presidência com apoio da Bélgica e dos EUA. Em Novembro de 1965, ele é derrubado num golpe liderado por Mobutu Joseph Désiré.
Mobutu estabelece uma ditadura personalista, tornando o país um estratégico aliado das potências capitalistas na África. No início dos anos 70 lança sua política de "africanização", proibindo nomes ocidentais e cristãos. Como parte da campanha, muda em 1971 o nome do país para Zaire e da capital para Kinshasa (ex-Leopoldville). Ele próprio passa a se chamar Mobutu Sese Seko Koko Ngbendu wa za Banga, que significa "o todo-poderoso guerreiro que, por sua resistência e inabalável vontade de vencer, vai de conquista em conquista.".
(Excerto do meu caderno “A minha África”)
Publicado no Jornal de Tondela – Edição 909 de 18-9-2008

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