Numa notícia publicada na Imprensa de 27 de Julho, passado, podia ler-se que três administradores executivos de uma empresa pública, a Parpública, responsável pela gestão do universo empresarial do Estado, foram contemplados com prémios de gestão referentes ao ano de 2007, no valor de 176,5 mil euros.
Por sete meses de trabalho o Sr. Pires – o presidente – teria recebido um prémio extra de 67.896 euros, enquanto que os senhores Albuquerque e Castel-Branco, foram “recompensados” com a bonita soma de 54.317 euros!
Acrescenta a notícia que a Parpública, que tinha apresentado em 2006 um lucro de 638 milhões de euros, em 2007, não foi além dos162 milhões. Pudera. É que o dinheirinho não é elástico. E com benesses dessa natureza e com outras que, com certeza, se lhes juntaram, não admira que os lucros encolhessem!
Mas lá que vale a pena ser gestor de uma empresa pública, lá isso vale!
E bem vistas as coisas não é preciso saber muita coisa, nem ser craque em matemática para ocupar um desses lugares de excelência. Nada disso. Se a passagem pelo elenco governativo é, muitas vezes, um trampolim para ocupar esse cargo, noutras basta uma cunhazita do ministro, de uma pessoa da sua família ou de um simples cartão da cor do “clube” para ter acesso a esses privilegiados lugares.
Também é necessário ter um coração especial, não ter grandes escrúpulos, nem ouvir muito a voz da consciência e não dar muita importância a essa gentinha que teima em viver com umas miseráveis centenas de euros por mês!
Os problemas desses milhões de gente anónima que trabalhou uma vida inteira, que nunca gozou férias, que enfrentou as inclemências da Natureza, que sobreviveu às ciladas da vida, que comeu o pão que o diabo amassou, não constam do imaginário desses senhores a quem nada falta, que nada fazem, que vivem de benesses e sempre protegidos e acoitados sob a manta do Governo.
Não admira, por isso, e no caso que nos ocupa, que o ministro das Finanças e da Economia, Sr. Teixeira dos Santos tivesse vindo em defesa dos “sortudos”, argumentando que “se o prémio lhes foi atribuído, é porque eles cumpriram as funções para que foram contratados, cumprindo os objectivos que estavam definidos no contrato. O Estado é uma pessoa de bem e respeita os contratos que celebra.”
Com o desemprego a aumentar, a pobreza a disparar, a recessão a espreitar, argumentos como estes põem a nu, de forma inequívoca, os sentimentos morais e solidários das gentes que nos governam!
Tais prémios ou regalias além do escândalo que representam são um insulto, uma ofensa grave, para àqueles que são obrigados a viver com duas ou três centenas de euros por mês.
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