Quem nos defende? Quem vem em
defesa do mundo rural? Quem defende estes homens de mãos calejadas e estes
velhos que sobrevivem com pensões de miséria? Quem põe cobro à desertificação
das nossas aldeias, impedindo o encerramento dos mais elementares serviços?
Temos vindo a assistir a uma
espoliação sistemática, injusta e arbitrária do pouco que já restava no
interior do país. Nalgumas aldeias restam apenas paredes e velhos. Os novos fugiram.
Não há Centros de Saúde, Estação de Correio, Escolas e demais serviços
públicos. Tudo foi deslocalizado…
Fizeram-se contas a votos e
esqueceram-se as pessoas. Incentivou-se o abandono do interior e criou-se a
cultura de demissão e de irresponsabilidade que contagiou a sociedade rural e
fez dela uma vítima do eleitoralismo desenfreado dos partidos políticos.
Esqueceu-se a floresta que era
o mealheiro do agricultor onde, em maré de infortúnio, ele ia buscar dinheiro
não só para a sua subsistência como também para educar os filhos.
As terras nas quais se
cultivava milho, trigo, centeio, e todo o género de hortaliças e legumes estão
a monte, abandonadas às silvas. Falou-se muito em ordenamento de território,
mas desordenou-se o país. O que se fez foi apostar nos locais onde se ganham e
se perdem eleições, contribuindo para que o interior se transforme num deserto.
Este Governo, como os
anteriores, em vez de aprender com os erros, vai continuar a sacudir a água do
capote, a imputar culpas ao passado e a demitir-se do seu verdadeiro objectivo,
que é governar com isenção, honestidade, regendo-se pela justiça e igualdade
entre todos.
Mas poderemos assacar as
culpas de todas estas desigualdades, de todas estas injustiças somente àqueles
em quem votámos? Não seremos também nós, cidadãos comuns, os culpados por nos
acomodarmos à situação? Não seremos também culpados porque desistimos de lutar
e exercer em plenitude a nossa cidadania, fazendo da força que nos confere a
democracia um instrumento de mudança e de resolução dos problemas?
O que aconteceu com a extinção
da Freguesia do Tourigo que foi feita à revelia das populações vai acontecer de
novo com a Escola que conta com 31 alunos? Vai adoptar-se o mesmo critério sem
previamente avaliar as vantagens e desvantagens da sua extinção? E os pais dos
alunos não vão contestar esta injustiça que vai afastar os filhos da casa
paterna e tornar mais difícil a sua educação e vigilância? E as Autoridades
concelhias e locais vão ficar-se apenas pelas contestações protocolares e de
duplo sentido?
Que os mandantes do Terreiro
do Paço desconheçam que os alunos da Escola do Tourigo têm mais do que um
professor e têm um refeitório a escassos metros e todos os requisitos para uma
boa qualidade de ensino, ainda se compreende. Agora que que os Autarcas, tanto
da Câmara Municipal como da União das Juntas de Freguesias, conhecendo essa
realidade, não lutem para que não se cometa mais uma injustiça, isso é que é
imperdoável!
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