sexta-feira, julho 26, 2013

AS BIRRAS DAS "NOSSAS CRIANÇAS GRANDES"


Tempos longínquos, esses!... Era no tempo em que – sobretudo nos meios rurais – se chegava a pai sem nunca ter sido menino.
Qual trabalho infantil, qual carapuça! Era preciso ajudar os pais e cedo se começava a comer o pão amassado pelo diabo... Cedo se adquiria o sentido da responsabilidade e, com ela, logo se iniciava, por aprendizagem prática e contacto directo, o conhecimento do mundo real.
Não pretendo fazer a apologia desses tempos difíceis até porque, também eu, muitas vezes palmilhei os seus agrestes e íngremes caminhos.
Reconheço, no entanto, que então, e malgré tout se atingia a maturidade mais cedo. Aliás, é a própria ciência da evolução das espécies que no-lo ensina: quanto mais evoluída é a espécie, mais longa se torna a fase da desmama...
E, de facto, hoje, o que as estatísticas e os estudos sociológicos nos mostram é que a idade em que os cidadãos atingem a maturidade e a independência económica e social é cada vez mais elevada.
Exemplos? Há por aí a rodos. O País está a abarrotar de crianças grandes!
Quase todas elas inexperientes, mimadas, irrequietas, mal-educadas, bazófias e, mais grave ainda, completamente desconhecedoras do mundo real que as rodeia.
Recebo de vez em quando uns “piropos” acusando-me de falar muito no passado e de ter saudades desse tempo, que muitos - mesmo sem conhecimento de causa – lhe atribuem "feitos" tenebrosos! Que lhes faça bom proveito, mas quem não gosta de recordar a sua mocidade?
Quem, como eu, que cedo comecei a comer o pão que o diabo amassou, pode ficar indiferente ao comportamento inqualificável dessas crianças grandes, às quais nunca nada faltou e que de repente tudo tiram aos que pouco têm? Como podemos nós, os mais idosos, que trabalhámos uma vida inteira, assistir sem revolta a tudo isto? A corrupção, a falta de palavra, a irresponsabilidade, o desprezo pelo bem comum, fizeram com que se criasse uma classe de parasitas, que urge exterminar quanto antes.
Os tristes episódios políticos a que estamos a assistir são bem o espelho dessa “enxerga podre cheia de percevejos” que é a política, como lhe chamou Guerra Junqueiro. Esses bichos fedorentos, esses parasitas, esses homens sem escrúpulos que não hesitam em criar situações trágicas para o povo e que desacreditam uma Nação aos olhos do Mundo; que brincam com a vida de pessoas e põem, sobretudo os mais carenciados numa situação deveras trágica, esses homens, dizia, deveriam ser julgados, não pela História, que é castigo indolor, mas por tribunais competentes, céleres e isentos. Que não os nossos…








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