quarta-feira, abril 29, 2009

Quem matou a esperança?...



Esta hora de crepúsculo em que nos encontramos é uma hora triste, uma hora simbólica. É uma hora silenciosa, indescritível e amargurada por não sabermos o que nos trará a manhã que vem a seguir.
É uma hora tão secreta e enigmática que até os heróis têm medo, e todo o homem se sente sozinho, receoso e incrédulo!...
E é por tudo isso que eu penso que chegou a hora de nos unirmos para pôr fim a esta progressiva degradação do país. Em cada dia que passa mais se acentua esta espécie de catalepsia em que parece termos mergulhado.
Como sonâmbulos, vagueamos um pouco por toda a parte, falamos de tudo e de nada e, de olhos fechados, movimentamo-nos indiferentes a tudo o que nos rodeia.
É a hora de acordarmos. É a hora de pôr cobro a este descalabro da Nação. É a hora de abrir os olhos, de reagir, de não acreditar na visão dos burocratas; nem no optimismo dos mercenários da política; nem na óptica desfocada desses senhoritos vaidosos; nem na "sapiência" desses bacharéis de cartilhas modernas, nem nessa seita de homens medíocres, bem falantes – todos eles egoístas, prepotentes e desconhecedores, em absoluto, da realidade da vida.
Não esqueçamos, porém, que é também a hora em que devemos pensar que nada está perdido, mas que tudo se pode perder. É a hora de fazer da resignação uma revolta pacífica e da indignação uma força íntima que não tema nada nem ninguém.
É a hora de denunciar as injustiças. É a hora de não pactuarmos com o compadrio; de restabelecer a confiança e, sobretudo, de reforçar, de cimentar o verdadeiro conceito da honra e da honestidade.
Julgamos, criticamos e culpamos sem nos lembrarmos que também somos cúmplices, porque muitas vezes, quer por comodismo, quer por interesses particulares ou outros, não denunciamos as ilegalidades para que seja feita justiça e punidos os infractores.
Durante mais de três décadas temos aceitado com indiferença e tolerância todos os abusos que têm sido cometidos em nome da democracia – uma democracia de funil a que urge pôr fim. E só conseguiremos acabar com esse circo de demagogia e de retórica quando, em vez de aplaudir e bater palmas, tivermos a coragem de denunciar e desmascarar os barões que se escondem atrás das cortinas do palco da governação, que exploram o povo na sua ignorância e credulidade e que têm delapidado impunemente enormes verbas, servindo-se em vez de servir.
Comemorou-se mais um aniversário da «Revolução dos Cravos». É tempo de perguntar: Quem matou a esperança que surgiu como redentora no dia 25 de Abril de 1974?...

Sem comentários: