sábado, abril 23, 2016

QUE HERANÇA PARA OS NOSSOS NETOS?


Se, por hipótese ou exercício de imaginação, dividíssemos o português falado em dois escalões, acontecer-nos-ia termos de um lado o «português erudito» em que é feio arrotar e do outro o português corrente em que toda a malta se entende, mesmo quando arrota...
Isto para concluir que na nossa como em qualquer outra sociedade coabitam, pelo menos, duas classes distintas, cada uma delas com comportamentos diferentes.
No entanto, ao longo da História dos povos há momentos em que esses comportamentos se devem unificar para resolver problemas que determinam a continuidade desses mesmos povos.       
Por isso, com erudição ou sem ela, quando se diz que é preciso «apertar o cinto», é sinal de que algo vai mal. E que todos o devem apertar - os que arrotam e os outros. Diariamente, os jornais, a rádio e a televisão vão dando conta do agravamento da situação. Mas também mostram que nem todos se querem convencer de que chegou de facto a hora do «aperto». E por estranho que pareça, os que deveriam dar o exemplo, parecem cada vez mais apostados em continuar a delapidar o pouco que já nos resta, gastando onde não devem, e deixando que a degradação se apodere e ponha fim a sectores que constituem os pilares da Nação.
A envergadura do mal que enfrentamos atinge tais proporções que exige que o País se una numa comunhão consciente para fazer o que é necessário, restaurando valores perdidos, reactivando recursos destruídos e solucionando problemas sociais. O rol de misérias resultante do encerramento de infra-estruturas produtivas de norte a sul do País, obriga a que os políticos esqueçam divergências ideológicas, interesses próprios e particulares, e se mantenham unidos com uma única e prioritária finalidade: - a recuperação do País e a restauração da confiança perdida.
Como tenho dito ao longo dos anos, não há nos meus rabiscos qualquer pretensão de querer endireitar o mundo e muito menos a de fazer passar mensagens alarmistas e catastróficas. Nada disso! O que escrevo é o que sinto. E é também muitas vezes um grito de revolta - a revolta dos que levaram uma vida inteira a trabalhar e que agora, quase no fim da caminhada, se vêem de mãos vazias ou obrigados a trabalhar...e muitas vezes para os que nada fizeram, nada fazem, mas tudo têm.
Sem rigor, sem disciplina e sem trabalho não há País que consiga sobreviver. Temos vivido em permanente festa, sem grandeza, sem honra, sem ideais que justifiquem os encargos que a Nação suporta.
Só unidos em espírito e trabalho, poderemos continuar Portugal. Sou, por natureza, optimista, mas a continuar neste clima de euforia, tentando escamotear a realidade do dia-a-dia, duvido que os nossos netos se orgulhem do futuro que lhes deixarmos como herança.


    









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