sexta-feira, abril 01, 2016

EU E OS MEUS BOTÕES


 
Nunca foram tantas e tão fáceis as possibilidades que hoje temos de estabelecermos contactos com tanta gente!...
O avanço da tecnologia tem-nos brindado com os mais díspares e sofisticados meios de interacção entre pessoas. Quer por intermédio das redes sociais, quer por outros meios, nunca foi tão simples “criar amizades” com outros habitantes espalhados pelo planeta Terra! 
No entanto, parece que estamos cada vez a distanciar-nos mais do “próximo” afastando-nos de familiares e amigos. As redes de comunicação levam-nos muitas vezes a tornarmo-nos íntimos de gente estranha, que não conhecemos, mas a quem confiamos, por vezes, toda a nossa vida.  Influenciados por personalidades ou mitos “forjados” pelos meios de comunicação, - nomeadamente a televisão - sentimos um profundo pesar colectivo pela morte de uma dessas personagens e ficamos por vezes, quase insensíveis pela perda de um parente próximo ou de um amigo!
É minha convicção de que, arrastados por essa tendência, estamos a “desaprender de gostar” de quem devíamos, transpondo esse sentimento para gente estranha. O poder da comunicação rápida e fácil faz com que nos aproximemos desses “ídolos” distantes, enquanto a realidade concreta nos afasta daqueles que diariamente nos rodeiam e acarinham.
Essa cultura individualista e consumista do mundo contemporâneo desfaz os vínculos de irmandade e faz muitas vezes com que esqueçamos as pessoas ou o grupo ao qual pertencemos.
Assim, contaminados por essa cultura de banalização de certos valores e com esse bombardeamento diário, tornamo-nos dependentes e obrigados a conviver com esse estado geral de ansiedade, de medo e de desconfiança. Pouco a pouco vamo-nos moldando a uma ética que recusa e nega a ideia do “próximo”, a existência daquele que temos a nosso lado ou do que realmente nos rodeia...
O nosso “próximo”, aquele que vive paredes meias connosco, ignora-se. Não precisamos de ninguém. Desde que tenhamos bens materiais, títulos, prestígio social, novos brinquedos tecnológicos, esse “próximo” não existe, desconhece-se.
No meio de tudo isto a principal vítima é a Família, o pilar central da sociedade. Não há conversa entre os seus membros, cresce a insensibilidade, a indiferença e a intolerância. Não há diálogo. E como consequência directa desaparecem os afectos, que são a concretização da dignidade humana.
Culpa-se a globalização e os mais pessimistas agitam o fantasma da decadência. Será alguma dessas afirmações verdadeira ou a culpa será de nós próprios na ânsia de querermos ir cada vez mais longe com o objectivo  de nos tornarmos  deuses de qualquer coisa?...

 

 

 

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