É
a vida!...
Num
destes Domingos soalheiros fui convidado por um Amigo para almoçar num
restaurante típico, daqueles cuja ementa se tem mantido ao longo dos anos e
onde se come um arroz de cabidela e um frango no churrasco como em nenhum outro!
Não
fora a marcação antecipada, teríamos de esperar horas, tal era a fila de clientes.
Estacionamento cheio e a maior parte dos popós era topo de gama. Nos
restaurantes por onde passámos idem, aspas, aspas, muitos carros, muita gente
fazendo fila na entrada…Crise? Qual crise qual carapuça! E queixamo-nos de que
não há dinheiro, que temos uns políticos da treta, que isto cada vez está pior…Somos
é mal-agradecidos!
Mal
o sol espreita lá do alto e aí está a malta na rua a esquecer tudo o que nos
apoquenta nos dias sombrios em que de lápis em punho tentamos fazer esticar os
euros.
Somos
um Povo ímpar: matreiro, fingido, queixinhas, bazófia e sobretudo sempre bem-disposto!
Não foi por acaso que os franceses nos colaram aquele rótulo nas costas – “Les portugais sont toujours gais”!
(Os portugueses estão sempre contentes). Cantando e rindo, ambidextros que somos, tanto
se nos dá cumprimentar com a direita como esbofetear com a esquerda. Somos pau
para toda a colher. Esquisitices não são connosco. Desde que nos abriram a
porta da democracia, ainda não deixamos de correr. Para onde, parece que
ninguém sabe. Mas isso pouco interessa. Mas brincamos com tudo: com a vizinha,
com o dinheiro, com a bola, com as palavras, com os ministros, com a tropa, e
quando não temos com que brincar, brincamos, sozinhos, ao faz-de-conta. Se não SOMOS,
tentamos fazer que SOMOS. O que é preciso é dar nas vistas. E como sempre
tivemos queda para a imitação, daí a forjar um "estatuto social
próprio", é um ver se te avias...
No
meu tempo quem não tivesse licença de isqueiro ou de uso e porte de arma era
considerado um bisbórria. Hoje acontece o mesmo a quem não possuir um ‘certificado
de importância’ – um canudo, um bólide topo de gama ou uma casa com piscina
interior e jacúzi. Educação e cultura basta aquela que se adquire nas reuniões
do partido, ou nos beberetes das inaugurações, bebendo uísque barato e comendo
pastéis de bacalhau. No entanto e apesar de todas as tropelias e dos “cortes
cegos” que nos têm feito, continuamos a ter quase tudo o que tem os parceiros
da União: - drogados, egoísmo, ricos muito ricos, pobres cada vez mais pobres, desempregados,
traficantes, larápios vadios e até gente graúda nessas listas do “Panamá Papers”.
Mas
voltando ao começo da conversa e ao mar de gente que enche os locais de comes-e-bebes
nestes Domingos de sol, a rapaziada parece tudo esquecer…até as dívidas que não
fez, mas que tem de pagar!
Como
disse um dia um dos nossos chefes máximos – É a vida!...
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