sábado, abril 23, 2016

PONTAPÉS

Pontapés
Aqui há tempos um estudo feito pelo Centro Europeu de Pesquisa de Assuntos Sociais sobre “As paixões do futebol” concluía que, na Europa, os portugueses são mais viciados no sexo do que na bola e que quatro em cada cinco indígenas preferem o sexo a um bom jogo de futebol!
Nunca acreditei muito nos resultados dessas consultas de opinião e então neste caso, tenho muitas reservas e dúvidas quanto às conclusões do referido estudo.
A euforia que se viveu aqui na minha cidade quando a nossa equipa subiu à Liga de Honra, reforça ainda mais a minha certeza de que os portugueses, tanto no sexo como na bola são os maiores!
Só quem não lê revistas cor-de-rosa, não vê, em cada esquina, o entusiasmo dos namorados ou não assiste a certos programas de alguns dos nossos canais televisivos é que pode duvidar da minha afirmação…   
Mas falando agora apenas de bola, não há dúvidas de que não há melhor narcótico para adormecer o Zé do que o futebol.
Mas vem de longe este fenómeno. Se fizermos uma digressão através dos tempos, encontramos em todas as épocas exemplos das reacções dessas multidões desportivas.
Desde a antiguidade, passando pela Idade-Média até aos nossos dias, o fenómeno repete-se embora com roupagens diferentes.
O comportamento psicológico dos adeptos pouco tem variado e a síntese do especialista brasileiro Inezil Marinho é bem elucidativa: «O torcedor é em geral um indivíduo habitualmente morigerado, que trabalha durante toda a semana, cumpre fielmente as suas obrigações, obedece às ordens dos seus superiores e é incapaz de ofender ou agredir alguém (…) Mas quando na multidão, como um dos integrantes da claque, sofre transformação radical. É capaz de dirigir os maiores insultos ao árbitro ou aos jogadores da equipa adversária, atirar-lhes garrafas ou pedras e é até capaz de agredi-los (…) Não raciocina com lucidez e é vítima de grande número de erros de percepção pela paixão que o domina, pelo partidarismo que o impede de analisar os factos como são…»
Com esta citação não quero, evidentemente, “vestir” toda aquela gente que apoia e sofre com a nossa equipa e que alimenta até ao fim a esperança de um final feliz. Esses são credores de toda a minha estima e admiração e com eles partilho o mesmo sonho.
Devo afirmar, no entanto, que me alegra o facto de ver que há cada vez mais adeptos do pontapé!

Só é pena que eles, os pontapés, se fiquem apenas pela bola, porque e politicando um pouco, há por aí muitos a merecê-los. Bem merecidos e num sítio que eu cá sei...  

É A VIDA!...

É a vida!...
Num destes Domingos soalheiros fui convidado por um Amigo para almoçar num restaurante típico, daqueles cuja ementa se tem mantido ao longo dos anos e onde se come um arroz de cabidela e um frango no churrasco como em nenhum outro!
Não fora a marcação antecipada, teríamos de esperar horas, tal era a fila de clientes. Estacionamento cheio e a maior parte dos popós era topo de gama. Nos restaurantes por onde passámos idem, aspas, aspas, muitos carros, muita gente fazendo fila na entrada…Crise? Qual crise qual carapuça! E queixamo-nos de que não há dinheiro, que temos uns políticos da treta, que isto cada vez está pior…Somos é mal-agradecidos!
Mal o sol espreita lá do alto e aí está a malta na rua a esquecer tudo o que nos apoquenta nos dias sombrios em que de lápis em punho tentamos fazer esticar os euros.
Somos um Povo ímpar: matreiro, fingido, queixinhas, bazófia e sobretudo sempre bem-disposto! Não foi por acaso que os franceses nos colaram aquele rótulo nas costas – “Les portugais sont toujours gais”! (Os portugueses estão sempre contentes).  Cantando e rindo, ambidextros que somos, tanto se nos dá cumprimentar com a direita como esbofetear com a esquerda. Somos pau para toda a colher. Esquisitices não são connosco. Desde que nos abriram a porta da democracia, ainda não deixamos de correr. Para onde, parece que ninguém sabe. Mas isso pouco interessa. Mas brincamos com tudo: com a vizinha, com o dinheiro, com a bola, com as palavras, com os ministros, com a tropa, e quando não temos com que brincar, brincamos, sozinhos, ao faz-de-conta. Se não SOMOS, tentamos fazer que SOMOS. O que é preciso é dar nas vistas. E como sempre tivemos queda para a imitação, daí a forjar um "estatuto social próprio", é um ver se te avias...
No meu tempo quem não tivesse licença de isqueiro ou de uso e porte de arma era considerado um bisbórria. Hoje acontece o mesmo a quem não possuir um ‘certificado de importância’ – um canudo, um bólide topo de gama ou uma casa com piscina interior e jacúzi. Educação e cultura basta aquela que se adquire nas reuniões do partido, ou nos beberetes das inaugurações, bebendo uísque barato e comendo pastéis de bacalhau. No entanto e apesar de todas as tropelias e dos “cortes cegos” que nos têm feito, continuamos a ter quase tudo o que tem os parceiros da União: - drogados, egoísmo, ricos muito ricos, pobres cada vez mais pobres, desempregados, traficantes, larápios vadios e até gente graúda nessas listas do “Panamá Papers”.
Mas voltando ao começo da conversa e ao mar de gente que enche os locais de comes-e-bebes nestes Domingos de sol, a rapaziada parece tudo esquecer…até as dívidas que não fez, mas que tem de pagar!
Como disse um dia um dos nossos chefes máximos – É a vida!...






A FAMÍLIA


O individualismo apossou-se da sociedade de hoje. Os valores, as convicções e até mesmo as tradições são desprezados e trocados por interesses pessoais. Por vezes convenço-me que se está a educar mais para o endeusamento do ter, do que para a valorização do ser.
Penso, por isso, que a Família é a melhor tábua de salvação e a maior fortaleza espiritual para combater esse mal. Os tempos que correm não ajudam aqueles que procuram preservar os valores da honestidade, do carácter, da amizade e da entreajuda.
Muitas vezes as contrariedades da vida fragilizam-nos e levam-nos ao desânimo e ao desespero. E é nesses momentos de angústia que encontramos na Família o medicamento adequado para combater os males que nos afligem. A confiança em nós próprios renasce, a esperança renova-se e ficamos mais fortes para enfrentar os reveses do dia-a-dia. 
A vida é um desafio e nesta sociedade cheia de armadilhas, a Família é o grande amparo que nos pode ajudar a ultrapassar as desilusões que sofremos. Entalado entre o niilismo e o desespero, o homem vai perdendo os valores de referência. Torna-se urgente mudar este estado de coisas e não transformar o homem num “escravo” da tecnologia. Num Mundo desumanizado, o progresso, por vezes, torna-se factor de retrocesso. Com tanta inteligência virtual, ao mesmo tempo que escondemos a realidade destruímos a cultura geral…
O progresso que se pretende tem de ser humanizado e têm de ser fortalecidos os laços que unem a Família. Ela tem de continuar a ser a célula mãe, o pilar da sociedade, assim como a escola tem de continuar a ser um lugar de preparação para o exercício da verdadeira cidadania. Só partindo desses pressupostos será possível construir uma sociedade mais justa, mais solidária e harmoniosa.
Quando falo na Família estou a referir-me àquele conjunto de seres humanos que sente, que pensa e que age ligado pelos mesmos sentimentos, entrelaçado pelos mesmos afectos, onde a honestidade, o respeito, a humildade, o carinho e os restantes valores morais e espirituais norteiam as suas vidas. Só essa união entre pessoas poderá fazer frente aos grupos organizados que tratam o povo como um rebanho e que, propositadamente, e porque lhes interessa não o protegem das feras, dos poderosos…
O mundo precisa de uma nova cultura do espírito e de uma nova doutrina de solidariedade que seja aplicada na prática e não apenas em teoria. O mundo precisa de valores de referência que “humanizem” o próprio homem. E só no seio de famílias como aquela a que acima me referi se pode gerar uma força de alma capaz de levar de vencida essa tarefa. Não será fácil, mas com uma Escola onde há mais funcionários do que educadores, só a Família poderá repor a lei da honra tradicional e ‘criar homens de um só rosto e de um só parecer’… Homens que lutem para tornar a sociedade limpa e inteligente, fecundada pelo esforço de todos e dirigida pelos melhores, com o único desejo de trabalhar para o bem comum.













QUE HERANÇA PARA OS NOSSOS NETOS?


Se, por hipótese ou exercício de imaginação, dividíssemos o português falado em dois escalões, acontecer-nos-ia termos de um lado o «português erudito» em que é feio arrotar e do outro o português corrente em que toda a malta se entende, mesmo quando arrota...
Isto para concluir que na nossa como em qualquer outra sociedade coabitam, pelo menos, duas classes distintas, cada uma delas com comportamentos diferentes.
No entanto, ao longo da História dos povos há momentos em que esses comportamentos se devem unificar para resolver problemas que determinam a continuidade desses mesmos povos.       
Por isso, com erudição ou sem ela, quando se diz que é preciso «apertar o cinto», é sinal de que algo vai mal. E que todos o devem apertar - os que arrotam e os outros. Diariamente, os jornais, a rádio e a televisão vão dando conta do agravamento da situação. Mas também mostram que nem todos se querem convencer de que chegou de facto a hora do «aperto». E por estranho que pareça, os que deveriam dar o exemplo, parecem cada vez mais apostados em continuar a delapidar o pouco que já nos resta, gastando onde não devem, e deixando que a degradação se apodere e ponha fim a sectores que constituem os pilares da Nação.
A envergadura do mal que enfrentamos atinge tais proporções que exige que o País se una numa comunhão consciente para fazer o que é necessário, restaurando valores perdidos, reactivando recursos destruídos e solucionando problemas sociais. O rol de misérias resultante do encerramento de infra-estruturas produtivas de norte a sul do País, obriga a que os políticos esqueçam divergências ideológicas, interesses próprios e particulares, e se mantenham unidos com uma única e prioritária finalidade: - a recuperação do País e a restauração da confiança perdida.
Como tenho dito ao longo dos anos, não há nos meus rabiscos qualquer pretensão de querer endireitar o mundo e muito menos a de fazer passar mensagens alarmistas e catastróficas. Nada disso! O que escrevo é o que sinto. E é também muitas vezes um grito de revolta - a revolta dos que levaram uma vida inteira a trabalhar e que agora, quase no fim da caminhada, se vêem de mãos vazias ou obrigados a trabalhar...e muitas vezes para os que nada fizeram, nada fazem, mas tudo têm.
Sem rigor, sem disciplina e sem trabalho não há País que consiga sobreviver. Temos vivido em permanente festa, sem grandeza, sem honra, sem ideais que justifiquem os encargos que a Nação suporta.
Só unidos em espírito e trabalho, poderemos continuar Portugal. Sou, por natureza, optimista, mas a continuar neste clima de euforia, tentando escamotear a realidade do dia-a-dia, duvido que os nossos netos se orgulhem do futuro que lhes deixarmos como herança.


    









sexta-feira, abril 01, 2016

DÍVIDAs


 
Somos uns queixinhas incorrigíveis! Queixamo-nos de tudo… E da chuva, porque chove; e do sol, porque faz calor; e do frio, porque caiu geada; e das costas por causa do vento suão; e dos ossos por causa da humidade; e dos bicos-de-papagaio, das artroses, do preço dos combustíveis, da carestia da vida …enfim, é como que num rosário, em que, de tanto queixume, as contas estão tão puídas, que os dedos mal se apercebem do seu deslizar!
Quanto a queixarmo-nos dos políticos que nos saíram na rifa, aí a coisa fia mais fino. Vejam os nossos irmãos brasileiros como estão na iminência de uma indigestão por causa de uma caldeirada dos ditos, perdão, de lulas!
Mas voltando cá ao nosso querido rincão e às queixinhas, sobretudo no capítulo da política, é bom saber que foi sempre assim, foram sempre os mais desfavorecidos a pagar a conta. Nada do que acontece agora, é novo.
Ainda há liberdade de barafustar, de lhes chamar nomes feios, mas não mudamos nada. Já assim era há 146 anos!...
Vejam as semelhanças lendo o texto inserido no Jornal “A Lanterna” de 17 de Dezembro de 1870: “O governo português anda mendigando em Londres um novo empréstimo. Os nossos charlatães financeiros não sabem senão estes dois métodos de governo: Empréstimos e Impostos.
Por um lado, o governo mandou para as cortes uma carregação de propostas tendentes todas a aumentar de tributos; por outro lado, o governo vai negociar um empréstimo no estrangeiro; é dinheiro emprestado e dinheiro espoliado. Pede-se primeiro aos agiotas para pagar às camarilhas; depois tira-se ao povo para pagar aos agiotas!
E ao passo que se trata de um empréstimo em Londres, negoceia-se outro empréstimo com os bancos nacionais. Este tem cara de dívida flutuante interna e é para pagamento de dívida consolidada externa! Este empréstimo que nos está às costas para pagamento no fim de três meses sai na razão de 13,2%! E no fim não é dinheiro aplicado em nenhum melhoramento público; é só dinheiro para pagar juros da dívida!
É a dívida a endividar-nos cada vez mais! É a dívida a crescer para pagar as sinecuras do estado! É a dívida a multiplicar-se para não faltarem à corte banquetes, festas, caçadas, folias!
Esta situação é terrível e tanto mais que ela exige para se não agravar, de sacrifícios com que o país não pode e que de mais não deve fazer, quando eles são apenas destinados às extravagâncias da corte e ao devorismo do poder, no qual se inscreve agora o novo subsídio aos pais da pátria!”
Como leram, podemos continuar a queixar-nos do tempo, da dor nas costas, dos bicos de papagaio, da crise, mas dos políticos, de nada vale. É tempo perdido. É sina nossa. Desde que Egas Moniz, o Aio; teve a triste ideia de usar a corda como gravata e ir ali ao lado, a Espanha, pagar uma dívida que não fez, ficámos condenados a seguir o seu exemplo…Paga Zé, e não bufes!

 

 

 

 

 

 

EM BUSCA DA FELICIDADE


 
Todos nós sabemos que ser feliz é um dos mais antigos direitos da humanidade. E também sabemos que não há ninguém que não mereça auferi-lo. Há, no entanto, quem pense nunca poder alcançar esse dom.
E isso resulta de uma certa insatisfação e de um conceito errado do que é a felicidade. O homem foi criado para ser feliz e seria insensato imaginar um Deus cujo prazer consistisse em submetê-lo a contínuas desgraças.
Essa ideia seria demasiado humana para ser divina e, quando assim pensamos, estamos a fazer um Criador à imagem da nossa imbecilidade e à semelhança da nossa estupidez. Porém, a causa, é bem diferente. Neste mundo estereotipado em que vivemos, a felicidade deixou de ser um ideal do indivíduo para ser uma aspiração das multidões. Todos querem ser felizes da mesma maneira. Convencionou-se que não há felicidade sem automóvel, sem uma casa repleta de electrodomésticos, de electrónica, de móveis de estilo, de livros caros (mas que nunca se lêem), de imitações de objectos e de quadros antigos (dos quais não se sabe falar), sem roupas e calçado de marcas badaladas... enfim, e para resumir, sem todos esses sinais exteriores de riqueza que por aí se vêem. Quanto a boas maneiras, civilidade, educação ou cultura, tudo isso é secundário. O que é preciso é ter dinheiro. E como nem todos o podem ter para se fazerem passar por aquilo que não são, daí a "infelicidade" de muitos. Uma infelicidade que gera invejas, revoltas e que, infelizmente, está a transformar a sociedade num viveiro de insatisfeitos, de egoístas e de falsários. Há na terra milhões de pessoas a sonhar a mesma coisa e a desejar os mesmos bens. E é assim que os espíritos simples se asfixiam numa atmosfera de estupidez. E são cada vez mais os que não conseguem viver fora desse esquema. Cada vez se deseja possuir mais. Cresce dia a dia a inveja pelo vizinho. A ânsia de "também querer ser" aumenta no sentido inverso do "querer fazer". Atropelam-se os princípios mais sagrados para chegar mais depressa a um lugar que se cobiça, mas que não se merece. O que mais interessa é "parecer". É uma luta feroz e constante entre aquilo que se tenta aparentar e a verdadeira realidade daquilo que se é.
Parece que fica assim, mais ou menos, traçado, ainda que com pálidas pinceladas, o retrato daquele que quer ostentar coisas superiores aos seus recursos e à sua mentalidade. E é esse, de facto, o protótipo do verdadeiro infeliz. E é tão fácil ser feliz! Contentarmo-nos com o que temos e orgulharmo-nos de sermos, apenas, como somos, é já o começo da felicidade. Mas o que muitos procuram é ser mais do que os outros. E isso é impossível, porque os outros nunca são, na realidade, tão felizes como nós julgamos.

 

EU E OS MEUS BOTÕES


 
Nunca foram tantas e tão fáceis as possibilidades que hoje temos de estabelecermos contactos com tanta gente!...
O avanço da tecnologia tem-nos brindado com os mais díspares e sofisticados meios de interacção entre pessoas. Quer por intermédio das redes sociais, quer por outros meios, nunca foi tão simples “criar amizades” com outros habitantes espalhados pelo planeta Terra! 
No entanto, parece que estamos cada vez a distanciar-nos mais do “próximo” afastando-nos de familiares e amigos. As redes de comunicação levam-nos muitas vezes a tornarmo-nos íntimos de gente estranha, que não conhecemos, mas a quem confiamos, por vezes, toda a nossa vida.  Influenciados por personalidades ou mitos “forjados” pelos meios de comunicação, - nomeadamente a televisão - sentimos um profundo pesar colectivo pela morte de uma dessas personagens e ficamos por vezes, quase insensíveis pela perda de um parente próximo ou de um amigo!
É minha convicção de que, arrastados por essa tendência, estamos a “desaprender de gostar” de quem devíamos, transpondo esse sentimento para gente estranha. O poder da comunicação rápida e fácil faz com que nos aproximemos desses “ídolos” distantes, enquanto a realidade concreta nos afasta daqueles que diariamente nos rodeiam e acarinham.
Essa cultura individualista e consumista do mundo contemporâneo desfaz os vínculos de irmandade e faz muitas vezes com que esqueçamos as pessoas ou o grupo ao qual pertencemos.
Assim, contaminados por essa cultura de banalização de certos valores e com esse bombardeamento diário, tornamo-nos dependentes e obrigados a conviver com esse estado geral de ansiedade, de medo e de desconfiança. Pouco a pouco vamo-nos moldando a uma ética que recusa e nega a ideia do “próximo”, a existência daquele que temos a nosso lado ou do que realmente nos rodeia...
O nosso “próximo”, aquele que vive paredes meias connosco, ignora-se. Não precisamos de ninguém. Desde que tenhamos bens materiais, títulos, prestígio social, novos brinquedos tecnológicos, esse “próximo” não existe, desconhece-se.
No meio de tudo isto a principal vítima é a Família, o pilar central da sociedade. Não há conversa entre os seus membros, cresce a insensibilidade, a indiferença e a intolerância. Não há diálogo. E como consequência directa desaparecem os afectos, que são a concretização da dignidade humana.
Culpa-se a globalização e os mais pessimistas agitam o fantasma da decadência. Será alguma dessas afirmações verdadeira ou a culpa será de nós próprios na ânsia de querermos ir cada vez mais longe com o objectivo  de nos tornarmos  deuses de qualquer coisa?...