Esta minha caminhada começou em 14 de
Abril de 1951 apenas com dois participantes. Os anos foram passando e,
entretanto, juntaram-se mais dois caminheiros. Éramos, então, quatro. E quase
isolados do Mundo, sob o calor tórrido dos trópicos, partilhámos as nossas
vidas, os nossos afectos e fruímos de uma felicidade sem igual!
Foram dias, meses, anos de manhãs de sol
quente com o perfume das orquídeas selvagens e com a seiva da juventude a borbulhar
na mente e a desenhar em arabescos indecifráveis projectos de um futuro
utópico.
Era naquele tempo sem tempo, - a
Primavera da Vida - no tempo das flores em que os frutos começam a crescer…
E por falar em crescimento, e apesar de tantos
anos passados, ainda tenho na mente as gargalhadas estridentes e o chorar, por
vezes birrento, dos meus meninos!
Mas como acontece com a Natureza, a Vida
tem também os seus caprichos, as suas mudanças, os seus ciclos.
E à medida que o tempo foi passando, o
percurso foi mudando, umas vezes com subidas íngremes, outras com descidas
bruscas e inesperadas. E quão difícil foi subir umas ou descer outras!
Mas nem sempre é noite. Há sempre o dia
que se segue. E em momentos de aflição, de desânimo e até de desespero, a
determinação falou mais alto e dentro de mim, qualquer coisa de inexplicável
despertou, ajudando-me sempre a erguer e a prosseguir o caminho.
E sessenta e quatro anos depois aqui
estou. Agora mais acompanhado. De dois que éramos, quatro que fomos, somos
agora, apesar de algumas desistências, uma dúzia!
E quantos sacrifícios, quantas lágrimas,
quantos sorrisos, quantas renúncias, mas também quantas alegrias, e quanto
orgulho!...
Começar do nada sem ajudas de ninguém e
apenas com o nosso próprio suor e trabalho, ser livre, sem peias de qualquer
espécie é coisa difícil de fazer compreender a muita gente deste nosso mundo de
hoje - um mundo egoísta, invejoso, hipócrita, cheio de falsos profetas, ávido
de dinheiro fácil, mais dado à preguiça do que ao trabalho, mais inclinado para
gastar do que para angariar.
Sessenta e quatro anos!...
Quem teve a ideia de cortar o tempo em
fatias a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial – industrializou a
esperança, fazendo-a funcionar até ao limite da exaustão.
E se multiplicarmos sessenta e quatro
anos por doze meses, verificamos que o somatório dá para qualquer ser humano se
cansar… Mas é então aí que entra o milagre. O da renovação. Que me leva a pedir
mais uma fatia para saborear conjuntamente com toda a equipa.
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