Embora muitos, por razões
diversas, não o confessem publicamente, o certo é que poucos serão os que no
final de um ano e no começo de outro, não alberguem dentro de si uma réstia de
esperança que lhes faz antever um novo ano diferente e melhor. Isso repete-se
anualmente e transforma-se numa espécie de exorcização do sentimento de culpa
por não termos sabido aproveitar as oportunidades que o ano velho nos concedeu
e que nós não quisemos ou não soubemos pôr em prática.
E mesmo que estejamos
convencidos, interiormente, que os 365 dias constituíram apenas e só, mais um
ano que passou, a nossa vaidade exterior, exige que apregoemos alto e bom som
que nada está perdido e que enquanto há vida há esperança!
Somos assim, ou sendo mais
directo e sincero, eu sou assim!... No começo do ano, há sempre inúmeras coisas
que me proponho mudar, substituir, remediar ou suprimir. Mas de adiamento em
adiamento, de contemporização em contemporização, é sempre com esse tal sentimento
de culpa que me despeço do 31 de Dezembro, e é também com essa réstia de
esperança que, enfrento o primeiro dia do novo ano.
É um eterno recomeço – com os
mesmos projectos, as mesmas determinações, as mesmas fraquezas, as mesmas
bazófias, e reincidindo sempre, covardemente, na falta de cumprimento do que me
propus fazer.
Tal como os nossos políticos...
Muita treta, muito boas intenções, muitas promessas, muito discurso, mas
melhorias...nicles!
Estou a referir-me, como acima
disse, aos nossos queridos mandantes e afins que passaram o ano inteiro a
buzinar-nos ao ouvido que faziam, que aconteciam, que mudavam, que baixavam,
que reduziam... e finalmente, catrapus! Tudo vai aumentar! Foram 365 dias de
acusações mútuas, de polémicas mesquinhas, de "casos", de falsas
promessas, de auto-elogios, de jantaradas principescas, de viagens
transatlânticas e agora, mal o ano começa, paga Zé e não bufes!
A subida dos preços e de tudo o
que mais adiante se verá são a prova irrefutável de que, mais uma vez, fomos
todos enganados por essa classe de homens que tudo promete na hora do voto, mas
que tudo esquece quando instalada na cadeira do poder.
A palavra de ordem é dinheiro e
mais dinheiro! Não o produto resultante do esforço de cada um, mas o dinheiro tout court, a nota do banco, que
vem parar às mãos de muitos sem qualquer esforço.
Estamos em ano de eleições. E por
que não usar a nossa única arma – o cartão de voto- para mudar de charlatães? Missão
difícil se não impossível, pois como diz o provérbio, “muda-se de moleiro não
se muda de ladrão.”
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