quarta-feira, janeiro 28, 2015

À PORTUGUESA


 

Às vezes passam-me coisas pela cabeça que se me atrevesse a confiá-las ao papel, de duas e uma: ou me colavam um rótulo de maluco na testa, encolhiam os ombros e não ligavam patavina, ou então eram capazes de me armar algum trinta e um que faziam com que ficasse mesmo doido a sério. Safa!...

«Então, cala a boca Manel e não te metas com esses proxenetas da política, porque, afinal, foste tu, eu, e os outros que contribuímos para que eles subissem aos lugares cimeiros que ocupam. Pensavas que bastava substituir as “rosas” por um “laranjal” - agora moribundo e invadido pela cochonilha e pela ferrugem – para termos uma nova mancha verde, sem ervas daninhas, sem podridão e sem parasitas?

Ingénuos que fomos, estúpido que és!... Já Alexandre Herculano há muitos anos escreveu que " a história política é uma série de desconchavos, de torpezas, de inépcias, de incoerências, ligadas a um pensamento constante - que é o de enriquecerem os chefes de partido..." E se nessa altura ele se referia apenas aos chefes, hoje há que incluir também todos os seguidores de suas excelências: familiares, amigos, afilhados, recomendados, amásias e demais pessoal, democraticamente ligado à nobre causa de enriquecer sem trabalhar.

Quanto a maneiras de pensar e agir, estamos conversados!

Político é político e interpretar o que dizem ou explicar o porquê daquilo que fazem, é um segredo da classe, embora quase sempre haja um cheirinho a dinheiro que se escapa pelo testo da panela... ou do tacho!

Desemprego, miséria, exclusão social, deficiências na Educação, na Justiça, na Saúde,  tudo isso é triste , tudo isso é verdade, mas passa ao lado de suas excelências.

O que é preciso, Manel, é distrair a malta e bem sabes que, para isso, nada melhor que um desafio de futebol entre os grandes ou um escandalozito entre a nossa elite, essa gente fina. E isso não falta…

E é assim que o país mais parece uma lotaria, em que uns nascem na lama e outros nas nuvens; em que uns morrem de fome e outros morrem de fartura.

Aproxima-se uma nova campanha de caça ao voto. Vem aí outra mudança? Não sei se já notaste, mas a fila dos putativos candidatos aos “tachos” já vai longa. Todos eles querem emprego, que não trabalho. Já há alfaiates a virar casacas. Na dúvida…

E todos, na nossa infinita e pacata desordem existencial, achamos todos esses “procedimentos” normais e nada mais fazemos do que encolher os ombros. E tu vais votar?…»

E eu, portuguesmente, limitei-me a encolher os ombros!...

 

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