Mais
um ano que passou. Contabilidade encerrada. E nada de borracha, de correctores
de escrita, ou outras astúcias para apagar. É tempo de balanço e análise das
contas do passado.
E,
de caminho, é também ocasião para parar um pouco e olharmos o saldo. Positivo
ou negativo, ele aí está inscrito com tinta indelével no Deve e Haver
do livro de cada um de nós.
Há, no entanto, que reflectir sobre os
desperdícios e sobre as más aplicações que fizemos. Não que esse facto possa
modificar qualquer coisa já feita, como acima disse, mas para acautelar e
reduzir a dimensão de futuros erros. É que nada há para orientar o nosso futuro
como as lições que a vida nos dá...
E
isso porque atravessamos um período em que quase todos os jovens se convencem
que tudo o que sabem só nos livros se aprende. E que só eles são os detentores
da moderna sapiência, - esse conjunto de saberes que por tão dispersos e tão
mal orientados, tão confusos, tão teóricos e tão pouco práticos, cada vez estão
mais desfasados da própria realidade.
Esquecem
(ou não lhes ensinam?!) que a teoria sem a prática e a vivência sem a
experiência abrem caminhos, mas não completam a aprendizagem. Só mais tarde
quando chega o tempo de deitar contas à vida, de desfazer sonhos, de recordar
frustradas ambições e examinar o fundo do saco, então sim!... Então é que se
apercebem que, afinal o velho tinha
razão! A palavra velho que
seja tomada aqui no sentido colectivo e não pessoal, com é evidente.
Com
esta divagação desviei-me do assunto desta crónica sobre o novo ano que vai
começar. O que venho hoje dizer-vos é que o próximo Ano terá 12 meses, a Páscoa
calhará a um Domingo, o Carnaval a uma Terça-feira, e o dia da preguiça
continuará a ser a Segunda-feira. No que se refere à política manter-se-á o statu quo, isto é: os políticos em
vez de governarem continuarão a governar-se; as festas e o foguetório
suceder-se-ão a ritmos alucinantes; haverá ricos cada vez mais ricos e pobres
cada vez mais pobres; a cultura será cada vez mais abstracta e inculta e o Zé
pagante, para sobreviver, continuará a fazer das tripas coração.
E apesar
de todas as falcatruas e todas as artimanhas dos nossos mandantes - ingénuos,
conformados e eternos sebastianistas que somos-continuaremos a bater-lhes
palmas na rua e a insultá-los no bem-bom da nossa casinha…Como diz um amigo meu
que é chinês mas que fala francês, “Les portugais seront toujours gais!...”
Tenham
um feliz Ano Novo e que a saúde não vos falte.
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