domingo, janeiro 04, 2015

"LES PORTUGAIS SERONT TOUJOURS GAIS!..."

Mais um ano que passou. Contabilidade encerrada. E nada de borracha, de correctores de escrita, ou outras astúcias para apagar. É tempo de balanço e análise das contas do passado.
E, de caminho, é também ocasião para parar um pouco e olharmos o saldo. Positivo ou negativo, ele aí está inscrito com tinta indelével no Deve e Haver do livro de cada um de nós.
 Há, no entanto, que reflectir sobre os desperdícios e sobre as más aplicações que fizemos. Não que esse facto possa modificar qualquer coisa já feita, como acima disse, mas para acautelar e reduzir a dimensão de futuros erros. É que nada há para orientar o nosso futuro como as lições que a vida nos dá...
E isso porque atravessamos um período em que quase todos os jovens se convencem que tudo o que sabem só nos livros se aprende. E que só eles são os detentores da moderna sapiência, - esse conjunto de saberes que por tão dispersos e tão mal orientados, tão confusos, tão teóricos e tão pouco práticos, cada vez estão mais desfasados da própria realidade.
Esquecem (ou não lhes ensinam?!) que a teoria sem a prática e a vivência sem a experiência abrem caminhos, mas não completam a aprendizagem. Só mais tarde quando chega o tempo de deitar contas à vida, de desfazer sonhos, de recordar frustradas ambições e examinar o fundo do saco, então sim!... Então é que se apercebem que, afinal o velho tinha razão! A palavra velho que seja tomada aqui no sentido colectivo e não pessoal, com é evidente.
Com esta divagação desviei-me do assunto desta crónica sobre o novo ano que vai começar. O que venho hoje dizer-vos é que o próximo Ano terá 12 meses, a Páscoa calhará a um Domingo, o Carnaval a uma Terça-feira, e o dia da preguiça continuará a ser a Segunda-feira. No que se refere à política manter-se-á o statu quo, isto é: os políticos em vez de governarem continuarão a governar-se; as festas e o foguetório suceder-se-ão a ritmos alucinantes; haverá ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres; a cultura será cada vez mais abstracta e inculta e o Zé pagante, para sobreviver, continuará a fazer das tripas coração.
E apesar de todas as falcatruas e todas as artimanhas dos nossos mandantes - ingénuos, conformados e eternos sebastianistas que somos-continuaremos a bater-lhes palmas na rua e a insultá-los no bem-bom da nossa casinha…Como diz um amigo meu que é chinês mas que fala francês, “Les portugais seront toujours gais!...”
Tenham um feliz Ano Novo e que a saúde não vos falte.
 
 

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