Nesta turbulência que nestes
últimos tempos tem afectado a nossa cena política, a baixeza de alguns dos
cidadãos que deviam constituir a "nata" da sociedade, transformou o
País num lodaçal pestilento de indignidade e de podridão.
E o que mais me surpreende é
que, perante tantos atentados à lei da honra tradicional, tal facto faz deles
uma espécie de pára-raios onde todos descarregamos os nossos fracassos, as
nossas desilusões e mesmo o nosso mau humor. Mas… mais nada!...
Estamos a habituar-nos a este
cenário, e hoje, dizer mal dos políticos, não só alivia o stress como também é assunto para todas as conversas.
Fraco entretenimento é certo,
mas com os exemplos que nos chegam do alto e a impossibilidade de inverter esta
onda de “roubos” é difícil conter a revolta interior…e toca de imitar suas
excelências, porque isto de ser honesto já foi chão que deu uvas!
Onde nós chegámos! Chegámos?
Ainda não, porque, ao que parece, a procissão ainda vai no adro. Mas, convenhamos
que é triste assistir a este descalabro moral, a esta falta de ética, a este
desrespeito por tudo e por todos.
E é sobretudo triste e
revoltante assistir a este apetite voraz em que ao ideal de servir a
comunidade, se sobrepõe o espírito de rapina, essa fobia que faz com que, sem
escrúpulos, nem olhando a meios, se pense unicamente em vantagens e benefícios
pessoais.
O pelotão dos oportunistas não
pára de engrossar - as benesses, os lucros duvidosos, as promoções injustas e
os atropelos à Lei, correm lado a lado, embora sob bandeiras de cor diferente.
Há excepções à regra, bem o
sabemos. Há gente honesta, há gente humana, há gente competente e há gente
moralmente sã. Mas cada vez o seu número é mais reduzido.
Como pode o cidadão comum
comportar-se digna e honestamente, quando os pontos de referência que devem
pautar a sua conduta lhe mostram, precisamente, o contrário?
Numa espécie de naufrágio tudo
está a afogar-se num mar de egoísmos, de cobiça e de estupidez. A herança que
chegou até nós, qualquer que seja a interpretação que se lhe queira atribuir, é
fruto do investimento generoso de muitas gerações que no-la legaram depois de
muita renúncia, de muito suor e de muita lágrima. Mas essa herança está a ser
roubada e vendida a retalho e ao desbarato. A corrupção, a impunidade, o
desprezo pelas pessoas, a crueldade calculista, tudo isso levou à
desvalorização da honra.
Eu que nasci português durante
um período histórico que não escolhi, vou também chegar ao anoitecer sem o
mesmo poder de escolha…
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