sexta-feira, dezembro 12, 2014

ESCOLHAS

Nesta turbulência que nestes últimos tempos tem afectado a nossa cena política, a baixeza de alguns dos cidadãos que deviam constituir a "nata" da sociedade, transformou o País num lodaçal pestilento de indignidade e de podridão.
E o que mais me surpreende é que, perante tantos atentados à lei da honra tradicional, tal facto faz deles uma espécie de pára-raios onde todos descarregamos os nossos fracassos, as nossas desilusões e mesmo o nosso mau humor. Mas… mais nada!...
Estamos a habituar-nos a este cenário, e hoje, dizer mal dos políticos, não só alivia o stress como também é assunto para todas as conversas.
Fraco entretenimento é certo, mas com os exemplos que nos chegam do alto e a impossibilidade de inverter esta onda de “roubos” é difícil conter a revolta interior…e toca de imitar suas excelências, porque isto de ser honesto já foi chão que deu uvas!
Onde nós chegámos! Chegámos? Ainda não, porque, ao que parece, a procissão ainda vai no adro. Mas, convenhamos que é triste assistir a este descalabro moral, a esta falta de ética, a este desrespeito por tudo e por todos.
E é sobretudo triste e revoltante assistir a este apetite voraz em que ao ideal de servir a comunidade, se sobrepõe o espírito de rapina, essa fobia que faz com que, sem escrúpulos, nem olhando a meios, se pense unicamente em vantagens e benefícios pessoais.
O pelotão dos oportunistas não pára de engrossar - as benesses, os lucros duvidosos, as promoções injustas e os atropelos à Lei, correm lado a lado, embora sob bandeiras de cor diferente.
Há excepções à regra, bem o sabemos. Há gente honesta, há gente humana, há gente competente e há gente moralmente sã. Mas cada vez o seu número é mais reduzido.
Como pode o cidadão comum comportar-se digna e honestamente, quando os pontos de referência que devem pautar a sua conduta lhe mostram, precisamente, o contrário?
Numa espécie de naufrágio tudo está a afogar-se num mar de egoísmos, de cobiça e de estupidez. A herança que chegou até nós, qualquer que seja a interpretação que se lhe queira atribuir, é fruto do investimento generoso de muitas gerações que no-la legaram depois de muita renúncia, de muito suor e de muita lágrima. Mas essa herança está a ser roubada e vendida a retalho e ao desbarato. A corrupção, a impunidade, o desprezo pelas pessoas, a crueldade calculista, tudo isso levou à desvalorização da honra.
Eu que nasci português durante um período histórico que não escolhi, vou também chegar ao anoitecer sem o mesmo poder de escolha…
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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