domingo, agosto 24, 2014

A HIDROSTÁTICA E A POLÍTICA

 
Cerca de duzentos anos antes de Jesus Cristo, viveu um homem cujo saber se repartia por várias áreas – matemática, física, geometria e engenharia.
Chamava-se Arquimedes e dizem velhos manuscritos que ele tinha residência em Siracusa, uma cidade da grande ilha da Sicília, nessa altura, creio eu, sob o domínio dos Romanos.
Arquimedes fez inúmeros trabalhos no âmbito das ciências que dominava, tendo calculado as áreas da parábola, da elipse, da esfera e do cilindro. Estabeleceu também a o valor de “pi” que, como os leitores sabem, é o símbolo que representa a razão constante entre o perímetro do círculo e o comprimento do seu diâmetro.
Enunciou ainda vários princípios, mas os que ainda hoje são mais conhecidos e usados, embora com designações diferentes, são o da Estática e o da Hidrostática – o primeiro por causa daquela barra a que se chama alavanca, e o segundo porque diz respeito à flutuação.
Mas o progresso e a evolução fizeram das suas…
O da alavanca passou a ter vários sinónimos: cunha, compadrio, influência, recomendação e é hoje de grande importância na vida dos portugueses.
O outro, que teria sido descoberto pelo sábio quando tomava banho na sua tina, não deixa de ter uma singularidade ímpar. É que, mesmo sem ninguém lhe ter oferecido flores, o sábio sentiu um impulso!... E, desorientado, levantou-se, voltou a sentar-se, apalpou, remexeu … até que descobriu, finalmente, o princípio!...
Porém e como acima dissemos, com a cumplicidade das novas tecnologias e da galopante onda de modernidade que tudo transforma, o enunciado do princípio de Arquimedes, foi-se adulterando até que alguém se lembrou de o democratizar!
E foi nessa altura que os políticos entraram na dança…
E então o princípio subiu os degraus do Parlamento, foi motivo de acalorado debate, sofreu alterações pouco ortodoxas, mas, no entanto, lá conseguiu livrar-se do referendo reclamado pela oposição.
Terminada a sessão, e ao sair do hemiciclo, o princípio, não só trazia fatiota nova – uma indumentária furta-cores, género carapaça de camaleão – mas também um enunciado democrático a condizer: «todo o cidadão que tem a sorte de mergulhar na política, beneficia de um empurrão de baixo para cima, que se traduz sempre num montante de euros superior, tanto ao trabalho como ao seu coeficiente intelectual…»
Desde então o Povo rebaptizou-o e passou a chamar-lhe o princípio dos «Arquimerdas»…
E assim, o que a hidrostática perdeu em equilíbrio, ganhou a política em majestade… Uma majestade mal cheirosa, claro está!...
 

NEM O CLIMA ESCAPA

 
Hoje venho alertar aqueles que ficaram surpreendidos pelo anúncio do novo imposto sobre telemóveis, tablets e caixas descodificadoras de televisão “parido” pelos ex-cola-cartazes, jotinhas, betinhos e afins, que a “coisa” não vai ficar por aqui. Outras armadilhas estão já na forja…
Não há dinheiro que bonde para acudir a todas as excentricidades dos nossos mandantes e há que diversificar a tosquia. Enquanto houver lã, a tesoura não vai parar de cortar.
Segundo informações de um infiltrado que de vez em quando me dá umas dicas sobre as manigâncias dessa classe parasitária, uma nova extorsão estaria em estudo para ser aplicada muito em breve.
Tratar-se-á da criação de mais uma carga fiscal que vai incidir sobre o clima e que será designada por “Imposto Meteorológico”. Baseado no nosso clima, que é um dos melhores da EU, esta será a invenção mais estrambólica dos tosquiadores deste rebanho à beira mar tresmalhado!
E reparem na maneira ardilosa como as cabecinhas pensadoras do Terreiro do Paço evocaram Neptuno para criar ondas e lixar o mexilhão!...
Em primeiro lugar calcularam uma temperatura média de base. Depois, e para cada grau acima, cada habitante da região em que se verifique a subida, pagará uma taxa de 1 euro, equivalente ao «excesso calórico».  Nos locais que não atinjam a média estabelecida, por cada grau a menos, o indígena pagará uma taxa da mesma importância, equivalente ao «desequilíbrio térmico».
Mesmo processo para os dias de chuva: cálculo da humidade média e taxa de higrometria aplicada aos “mais” e aos “menos”, na mesma proporção.
No Inverno o diploma refere-se também ao dispêndio com o aquecimento, surgindo, neste capítulo, a primeira desigualdade entre cidadãos do mesmo País – o preço do gasóleo de aquecimento, do gaz e da electricidade será mais elevado no Sul e mais baixo no Centro e Norte. Em Beja, por exemplo, o litro, o quilo ou o quilovátio, respectivamente, serão mais caros do que em Viseu, Guarda ou Vila Real, porque os habitantes da cidade alentejana terão muito menos necessidade de aquecimento do que os indígenas das faldas do Caramulo, da Estrela ou do Marão!
O imposto não estaria ainda em vigor porque o Tribunal Constitucional ainda não se teria pronunciado sobre a queixa apresentada pelo Instituto do Mar e da Atmosfera. Este organismo que como se sabe detém o monopólio das condições climatéricas para Portugal continental e Ilhas adjacentes, denunciou a sua ilegalidade por constituir uma intromissão abusiva da Política na Geofísica.
 

 

AS ETAPAS DA VIDA

 
Há na vida de cada um de nós acontecimentos marcantes que quando os vivemos, nos fazem recuar no tempo e nos conduzem ao início do caminho percorrido.
E à medida que os anos se vão acumulando parece ter mais sabor essa imaginária viagem de regresso ao princípio da caminhada!
Apesar de o passado ser construído por uma cadeia de acontecimentos, nem todos os seus elos são iguais. Nem todos eles desempenharam igual papel, nem todos prenderam da mesma maneira – enquanto uns deram poesia às coisas, outros ensarilharam-se e, muitas vezes, emperraram a continuidade do trajecto.
Mas é dos primeiros, daqueles que me prenderam à vida com ternura, que me fizeram sonhar, que depois me acordaram para enfrentar a realidade e a seguir me colocaram no caminho da responsabilidade, – são esses elos, esses momentos, que mais gosto de recordar. Ao lembrá-los, é quase como que ingerir uma poção mágica que me dá ânimo e traz de volta quimeras e sonhos!
É uma espécie de pausa, uma interrupção no percurso e um repouso tranquilo rodeado da utopia que ainda me resta…
Mas, às vezes, a desilusão é mais forte, e há dias ou momentos em que sinto necessidade de me isolar, de fugir deste baile de interesses, deste materialismo galopante, desta falta de ética no comportamento das pessoas. Cansa-me este jogo do quotidiano feito de competições e de indiferenças, de hipocrisias e de cinismos, de subtilezas e de astúcias, de vigaristas transformados em heróis…Pouco falta para que até a esperança pague imposto!
Num mundo construído sob o signo do dinheiro e em que tanto se fala em solidariedade, entristece-me que ela não seja aplicada na prática. O ter é mais importante que o ser…
Falta mais alma, mais responsabilidade, mais altruísmo, mais espiritualidade pois só assim poderá ser vencida esta crescente desumanização a que, passivos e indiferentes, assistimos todos os dias.
É preciso acreditar, persistir e não ter medo de expor a nossa Fé. É necessário proclamar e exibir os valores que herdámos dos nossos pais  que selavam um compromisso, com uma palavra de honra.   
Às vezes, perante tanta injustiça, tanta falta de valores, tanto desrespeito, sobretudo pelos mais carecidos, apetece-me gritar e acusar tudo e todos… 
Porém, é a família, os amigos, mas sobretudo os filhos e os netos que contrabalançam esta revolta interior e me ajudem a ultrapassar tudo isso e a ir tentando adaptar-me a esta nova visão de encarar a vida…
 

 

 

 

DO SONHO À REALIDADE


Estava na sala, pantufas nos pés, recostado no sofá, quando bateram à porta. Pouco passava da meia-noite...
Fiquei um pouco intrigado dado o avançado da hora, mas sem outra alternativa, porque estava só, levantei-me, fui até à porta e perguntei quem era e qual o pretexto da visita.
À minha interrogação respondeu alguém com voz rouca, uma voz cujo timbre me pareceu familiar: 
«- Sou o Tempo, e venho trazer-lhe a sua prenda anual. Venho a desoras, pois eu não tenho horários e ando sempre a girar…
Abri a porta, mandei entrar e o mensageiro continuou:
- Este ano a prenda vem disfarçada de substantivo feminino e, como se pode ler tanto da esquerda para a direita, como da direita para a esquerda, os “homens das gramáticas” deram-lhe o nome de capicua – 88!..
Este número, meu caro senhor, o número 8, agora duplicado, e de acordo com as leis pitagóricas continua a ser uma espécie de enigma, que como todos os enigmas, é muito difícil de desvendar.
É mágico este algarismo!...
É um número que começou a ser desenhado na Índia. No começo era uma espécie de rabisco em ziguezague. A sua forma foi evoluindo, a sua imagem gráfica foi-se afastando da inicial, pois era muito parecida com a do 5, e adquiriu depois uma aura especial, uma espécie de magia...
Veja o senhor que os Chineses até lhe atribuem propriedades benévolas: é o número da prosperidade, da fortuna e da riqueza. Números de telefone, matrículas de automóveis e até os bilhetes das lotarias terminados em 8 ou 88 valem fortunas!  
No género humano a sua duplicação transcende a matéria e é responsável pela conexão entre os planos físico e espiritual.
A sua repetição – a tal capicua – quando se trata de datas de nascimento é considerada de bom augúrio para todos aqueles que acalentam o sonho de atingir os cem anos de longevidade!
E eu sei, meu caro senhor, que é esse o seu sonho...»
Bruxo!... Foi o que me apeteceu responder…
Porém, contive-me e em vez disso limitei-me a agradecer, manifestando-lhe o meu desejo de o ver novamente na mesma data em 2015.
Acompanhei o mensageiro até à porta e quando estendi o braço para a fechar, toquei no copo que estava na mesinha de cabeceira… e acordei!...
O barulho dos cacos também acordou minha mulher, que quis saber o que tinha acontecido.
- Nada de especial, foi mais um. Mais um copo… metaforizei.
Ele há sonhos que até parecem reais!...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 


 

MEMÓRIAS

Ontem andei pela parte antiga da minha aldeia. Fui revisitar o bairro que, antigamente, era habitado pela “nobreza”, por gente rica que detinha o “poder” e a quem todos tiravam o chapéu.
E ali me quedei olhando aquelas casas, aquelas paredes velhas, aqueles telhados em ruínas, aqueles portões ferrugentos e aquelas árvores antigas.
Há bem pouco tempo a palmeira da minha juventude ainda lá estava. Teimosa, já quase sem ramos, ela ali se mantinha a desafiar o tempo, como que a atestar a antiguidade e o simbolismo do famoso largo.
Recordo ainda as variadas cores das flores das cameleiras que espreitavam por detrás dos altos muros da quinta, enfeitados, na Primavera, pelos rendilhados de flores das glicínias! …  
Mesmo ao lado, a Farmácia… E lá “estava” o farmacêutico, amante da caça e sábio apicultor, rodeado de frascos com rótulos em letra barriguda, alinhados em prateleiras de armários envidraçados. 
Um balcão carunchoso, uma balança da época e um cepo de madeira, esburacado, onde se anichavam os pesos.
Ao lado, um almofariz, alfaia essencial para misturar e triturar os ingredientes que o médico tinha rabiscado na receita. Frasco daqui, frasco dacolá, pó deste, mais pó daquele, pesa, junta, tritura, mexe… e receita aviada!
Ainda não existiam os antibióticos, as penicilinas e outros que tais e, por isso, todos os medicamentos eram “sãos”: além dos preparados, as papas de linhaça, os sinapismos, os xaropes de fabrico caseiro, eram os remédios mais usados naquele tempo!...
Mas havia menos doenças. Era raro ver-se por aqui o médico. E quando vinha era um acontecimento que atraía toda a pequenada da povoação. Todos iam vê-lo chegar no seu automóvel, “coisa” rara naquele tempo. Quando o chamavam para uma povoação na Serra, como não havia caminho próprio, traziam um burro ou um cavalo para o levar…
Outra rua ali. Antiga, estreita, feita à medida dos carros de bois e que vai até à velha escola. A minha escola. Em tudo diferente da escola de hoje. Mais austera, mais exigente, mas (que me perdoem os mestres de agora…) talvez mais escola no que à língua materna diz respeito.
Olho agora em frente. A Igreja e o casario moderno. E tudo muda. Casas novas que contrastam com as velhas aqui ao lado. É quase como que uma ruptura com o passado. São casas novas, ainda sem uma história como a daquelas que lá no Fundo da Rua, aos poucos, se vão desmoronando.

A HERANÇA

 
Há dias, quando procurava assunto para preencher o meu espaço semanal, deparei com uma passagem de um texto de 1870, das Farpas, que acho ser o espelho desta realidade que estamos a viver. Ora leiam:
«O influente ordinariamente é proprietário; foi cavador de enxada, enriqueceu, tem ambições, quer ser da junta da paróquia, da junta dos repartidores e mais tarde, num futuro glorioso, vereador! Já não usa jaqueta nem tamancos. Tem umas casas pintadas de amarelo, um par de luvas pretas e fala na soberania nacional. Na véspera das eleições todos o vêem montado na sua mula, pelos caminhos das freguesias ou, nos dias de mercado, misturado entre os grupos: fala, gesticula, grita, tem pragas e anedotas. Dispõe de 200 ou 300 votos: são os seus criados de lavoura, os seus devedores, os seus empreiteiros, aqueles a quem livrou os filhos do recrutamento, a bolsa do aumento de décima ou o corpo da cadeia. A autoridade acaricia o influente, passa-lhe a mão por cima do ombro, fala-lhe vagamente no hábito de Cristo. Tudo o que ele pede é satisfeito, tudo o que ele lembra é realizado. As leis curvam-se, ou afastam-se para ele passar. As suas fazendas não são colectadas à justa: é o influente! Os criminosos por quem ele pede são absolvidos: é o influente! Livra do recrutamento, pede baixas, solta presos, tudo se lhe consente: é o influente! Se a lei proíbe os arrozais ele pode tê-los: é o influente! Se há uma medida proibindo o porte de armas, ele é exceptuado: é o influente! Só ele caça nos meses defesos: é o influente! Só a sua rua é calçada: é o influente!
Se algum dia, leitores das Farpas, encontrardes o influente, tirai-lhe o vosso chapéu: ele domina, e a sua tirania assenta sobre a coisa que, apesar de ser a mais lodosa, é ainda a mais sólida – a corrupção!»
Se mudardes os nomes, se actualizardes alguns vocábulos, se retocardes o quadro com umas pinceladas de tecnologia, misturando um maior número de cores partidárias, tereis à vossa frente a imagem da sociedade de hoje talvez mais colorida, mas mais corrompida e mais acomodada do que a de 1870!...
O “influente” de hoje que dá por outro nome, mas que também não foi cavador de enxada, nem usa jaqueta, nem tamancos, aí está, bem instalado, nas mais diversas áreas da governação e afins…
Ao contrário de outras profissões, a dele não precisa de formação profissional. Quase todos trocaram as suas vocações profissionais por uma mais lucrativa e é por isso que a sociedade portuguesa está enxameada de mandantes amadores, com predominância de gente arrogante, desconhecedora do país, desonesta e incompetente.
Diz um provérbio chinês “que quando o peixe apodrece, a primeira coisa a cheirar mal, é a cabeça”. Infelizmente e como é o caso da situação vigente, os factos indiciam o seu alastramento a todo “o corpo.” Por mim, que segundo as normas da modernidade já ultrapassei o prazo de validade, as consequências pouco me afectarão. Mas os vindouros? Que País lhes deixaremos como herança?

QUEM NOS DEFENDE



Quem nos defende? Quem vem em defesa do mundo rural? Quem defende estes homens de mãos calejadas e estes velhos que sobrevivem com pensões de miséria? Quem põe cobro à desertificação das nossas aldeias, impedindo o encerramento dos mais elementares serviços?
Temos vindo a assistir a uma espoliação sistemática, injusta e arbitrária do pouco que já restava no interior do país. Nalgumas aldeias restam apenas paredes e velhos. Os novos fugiram. Não há Centros de Saúde, Estação de Correio, Escolas e demais serviços públicos. Tudo foi deslocalizado…  
Fizeram-se contas a votos e esqueceram-se as pessoas. Incentivou-se o abandono do interior e criou-se a cultura de demissão e de irresponsabilidade que contagiou a sociedade rural e fez dela uma vítima do eleitoralismo desenfreado dos partidos políticos.
Esqueceu-se a floresta que era o mealheiro do agricultor onde, em maré de infortúnio, ele ia buscar dinheiro não só para a sua subsistência como também para educar os filhos.
As terras nas quais se cultivava milho, trigo, centeio, e todo o género de hortaliças e legumes estão a monte, abandonadas às silvas. Falou-se muito em ordenamento de território, mas desordenou-se o país. O que se fez foi apostar nos locais onde se ganham e se perdem eleições, contribuindo para que o interior se transforme num deserto.
Este Governo, como os anteriores, em vez de aprender com os erros, vai continuar a sacudir a água do capote, a imputar culpas ao passado e a demitir-se do seu verdadeiro objectivo, que é governar com isenção, honestidade, regendo-se pela justiça e igualdade entre todos.
Mas poderemos assacar as culpas de todas estas desigualdades, de todas estas injustiças somente àqueles em quem votámos? Não seremos também nós, cidadãos comuns, os culpados por nos acomodarmos à situação? Não seremos também culpados porque desistimos de lutar e exercer em plenitude a nossa cidadania, fazendo da força que nos confere a democracia um instrumento de mudança e de resolução dos problemas?
O que aconteceu com a extinção da Freguesia do Tourigo que foi feita à revelia das populações vai acontecer de novo com a Escola que conta com 31 alunos? Vai adoptar-se o mesmo critério sem previamente avaliar as vantagens e desvantagens da sua extinção? E os pais dos alunos não vão contestar esta injustiça que vai afastar os filhos da casa paterna e tornar mais difícil a sua educação e vigilância? E as Autoridades concelhias e locais vão ficar-se apenas pelas contestações protocolares e de duplo sentido?
Que os mandantes do Terreiro do Paço desconheçam que os alunos da Escola do Tourigo têm mais do que um professor e têm um refeitório a escassos metros e todos os requisitos para uma boa qualidade de ensino, ainda se compreende. Agora que que os Autarcas, tanto da Câmara Municipal como da União das Juntas de Freguesias, conhecendo essa realidade, não lutem para que não se cometa mais uma injustiça, isso é que é imperdoável!