Lembrei-me
hoje de um pequeno texto sobre “O Valor dos Idosos”, que li há já uns tempos,
mas cuja mensagem retive na memória. O autor contava o caso de um septuagenário
inteligente e culto, mas pessimista, que disse, num grupo de amigos, estar
velho e sentir-se ultrapassado… E então alguém teria perguntado: «Mas quem é o
novo que escreve como tu, que fala como tu?...»
E
logo todos responderam em coro: «É verdade. Enquanto o cérebro trabalhar assim,
não estás velho…»
Aqueles
que habitualmente leem o que escrevo, devem lembrar-se de que já por várias
vezes aqui tenho abordado esse tema e sublinhado essa espécie de «fatalismo» de
muitos que se autoexcluem da sociedade, porque se julgam inúteis devido à sua
avançada idade.
É
certo que nem sempre é fácil conciliar a idade com as rápidas transformações
que hoje se sucedem e atingem todos os sectores da vida moderna!
É
difícil, mas não é impossível. Há sempre maneira – quando se luta por isso!...
– de amenizar esses estremeções, procurando uma adaptação condizente com as
faculdades que ainda nos restam.
Se
houver vontade e determinação, há muitas maneiras de o fazer, mas cada qual
deve escolher aquela que mais se identifique com a sua forma de estar na vida.
Em todas elas, porém, a Fé é a base dessa adaptação. Ela é o alicerce sobre o
qual se constrói essa outra «vida», a que se convencionou chamar de 3.ªou
até de 4.ª idade.
E
essa construção deve ser feita sem preconceitos e sobretudo sem temer o
escárnio de certos jovens inexperientes e néscios para quem os velhos são
considerados uns peso improdutivo ou gente a mais…
Nesta
sociedade computorizada e consumista em que a informática e a cibernética
marcam o ritmo e o compasso da vida, não é fácil fazer com que muitos deles
acreditem que os idosos, pela sua experiência de vida, podem servir de mestres
na arte de viver e conviver. Aposta-se mais nas máquinas do que nas pessoas e
talvez por analogia e motivados por esse “culto”, os idosos são considerados,
por alguns, como «uma outra espécie de sucata…»
Mas
nas novas tecnologias não existe também um processo a que chamam de «reciclagem»
e em que do velho se faz o novo? Pois então, «reciclemo-nos!...»
Estimulemos
o físico e o intelecto. A sociedade ainda precisa de nós. Há por aí muito
novato a quem os velhos podem dar lições, sobretudo no capítulo dos valores
tradicionais, do respeito e da educação. Muitos julgam que “velho” é só sinónimo
de resmungão, rabugice, intolerância e reumatismo. Mas enganam-se. Há velhos… e
velhos! E também há “velhos novos” e “novos velhos. “Sem falar nos “velhos” estrangeiros
como Goethe que escreveu o imortal “Werther” depois dos 80 e de Bernard Shaw que
aos 88 anos ainda escrevia, lembremos Adriano Moreira, Mário Soares e o nosso
cineasta Manoel de Oliveira que aos 105 anos ainda trabalha! Mãos à obra, caros
colegas. Reciclemo-nos…
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