Logo
nos começos do século vinte o nosso grande caricaturista Rafael Bordalo
Pinheiro querendo estabelecer uma comparação entre a prática da política desse
tempo e a condição porcina, desenhou na primeira página do primeiro número da
Revista "A Paródia", uma porca deitada com uma dezena de leitões
agarrados às suas tetas.
Segundo
testemunhos da época toda a gente percebeu.
Anos
mais tarde, em 1923, outro caricaturista glosava o tema e na mesma revista
desenhou uma porca, mas já de pé, com os porquinhos mais crescidos todos a
comer do gamelão.
Também
os contribuintes desse tempo perceberam a alusão, mas consta que a comparação
das duas caricaturas os deixou pensativos quanto ao crescimento e sofreguidão
dos bichos!…
É
que, enquanto na primeira os bacorinhos estavam deitados e chupavam na teta, na
segunda já todos estavam de pé e comiam com voracidade, agora de uma grande e mesma
pia!
Nos
anos cinquenta, George Orwell, com o "Triunfo dos Porcos “actualizava o
tema, colocando um "porco-lider"a dominar os seus súbditos porcos,
com o autoritarismo próprio de todo o mandante que se preza.
Por
último, a série televisiva dos Simpsons apresentou-nos os políticos na
figuração de porcos, mostrando-nos os senadores surpreendidos no Senado a comer hamburgers com recheio de
dólares temperados com lobies
e limpando depois as trombas à bandeira estrelada, como de simples guardanapo
se tratasse...
Tudo
isto para vos mostrar e dizer que muito embora a caricatura de Bordalo tenha
evoluído ao longo dos anos, passando de livro a filme e de filme a desenho
animado, isso não significa que a sua mensagem se tenha diluído com o tempo,
apesar da tecnologia moderna tentar fazer tudo para que isso acontecesse. Mas foi
o contrário que aconteceu!
Modernizaram-se
as instalações, fez-se o apuramento da raça, procedeu-se à automatização das
tetas, mas quanto “a mamões”, quartel em Abrantes – tudo como dantes. A
história repete-se!...
A
percentagem de reprodução aumentou sem haver necessidade de recorrer à
inseminação artificial e os leitõezinhos continuam a engordar, não só com o
líquido da teta materna, mas agora também com "rações" que vieram e
vêm do estrangeiro, cujo preço inflacionado e acrescido de juros, estamos a
pagar com língua de palmo!
E
porque já vai longa esta rabiscada, termino, fazendo minhas as palavras do
Zé-Povinho, - numa caricatura de Bordalo, no número 14 da "Paródia “de 18
de Abril de 1900 - pensativo, sentado, fazendo um cigarro, e olhando as
lagartas que pouco a pouco iam roendo a couve: " Eu cá por mim...pff!
Sem comentários:
Enviar um comentário