sábado, maio 10, 2014

UM CONSELHO A DONA TEODORA


 

Não conheço a Senhora de nenhum lado. Por isso não lhe quero mal, não vou insultá-la, não vou contrariá-la, nem tão pouco a vou criticar. Dona Teodora não é culpada,porque quando propôs a criação de uma taxa a incidir nos levantamentos de dinheiro de contas onde os cidadãos recebem os salários e as pensões, estava em êxtase. Não estava cá...  
Presumivelmente estava envolta numa aura beatífica, um daqueles momentos místicos, a que só os escolhidos conseguem elevar-se!
E voava! E, em círculos, como águia que espreita a presa no solo, só alcançava pequenos seres indefesos, vulneráveis, que nada podiam contra as suas aduncas garras. Mas voava sobre territórios longínquos…
Voava muito longe do País em que há mais de dois milhões de pobres; mais de 700 mil famílias que não conseguem pagar os seus empréstimos à banca; mais de 500 mil pessoas com os salários penhorados e segundo um inquérito recente do Instituto Nacional de Estatística, onde há 1.961.122 casos de pessoas actualmente no limiar da pobreza!
A Dona Teodora estava noutro País. Num País muito longínquo, num país-paraíso. Num País onde não falta o dinheiro. Onde a população é constituída apenas por “filhos da pátria” - Ministros, Directores Gerais, Deputados, Assessores e Afins. Um País em que todos os dias é “sábado à noite”, sempre em festa, em que não há preocupações; num País de privilegiados que ao fim de 3 ou seis anos, os mandantes têm uma reforma choruda, enquanto um cidadão do outro, tem de trabalhar 40 anos, para ter uma pensão de miséria; num País em que os Ministros, Assessores e Afins têm salários principescos e benesses inimagináveis, enfim, num País em que apenas os esbanjamentos dariam para matar a fome a milhões de pessoas!
E aqui estão dois Países diferentes. O primeiro que é o real e o segundo, que é o da realeza, aquele em que levita Dona Teodora.
E foi no segundo que ela se baseou para fazer a proposta, profetizando que “seria um incentivo à poupança”…Talvez no País dela, porque no real não há dinheiro para comer quanto mais para constituir qualquer pé-de-meia!
Dona Teodora acha que a ideia é excepcional e que não “existe em lado nenhum…”
Que lhe faça bom proveito e apresse-se a registar a patente dessa sua ideia tão brilhante, quanto injusta. Mas permita-me, Dona Teodora, que lhe dê um conselho: combine com o seu motorista e venha conhecer o País real. Venha ver com os seus próprios olhos como sobrevivem aqueles a quem quer agravar ainda mais a situação de miséria em que vivem.
 
 
 
 
 
 
 
 

Sem comentários: