Festejar mais uma Páscoa é para mim como
que um presente, um favor divino, uma graça, até talvez imerecida!
Mas é também um compasso de espera neste
meu peregrinar pela vida; é a concessão de uma espécie de paragem para melhor
reflectir sobre o seu sentido e as razões da Fé.
Talvez porque a Natureza ajuda ou algo
de mais invisível me invade, estes dias que precedem a Ressurreição despertam
um sentimento de esperança e alegria que fazem com que esqueça o peso dos
anos...
É assim como que um recobrar do ânimo,
um retemperar de forças, um reconforto moral, tudo consubstanciado num sincero
e sentido hino de louvor e graças a Deus pela ajuda e companhia prestadas neste
já longo percurso pelos traiçoeiros e sinuosos caminhos da Vida.
O mundo em que vivemos está em constante
mutação e muitas vezes acossado pela dúvida, interrogo-me se será mesmo verdade
que quanto mais vivemos menos sabemos!...
O que nos ensinaram ontem dizem-nos hoje
que é mentira! E se quisermos adaptar-nos a essa nova "filosofia",
temos que esquecer quase tudo o que nos ensinaram ou aprendemos. Eu, por mim,
não quero! E não quero porque são muitas as contradições e poucas as
certezas...
É por isso que, constantemente me
esforço por fazer uma adaptação controlada sem, contudo, cortar as amarras que
me ligam aos valores tradicionais da honra e da moral que me moldaram e que me
fizeram chegar até aqui sem desonra e com muito orgulho.
E é, sobretudo, nestes dias e momentos
diferençados, - mais convidativos a uma profunda e séria reflexão - que
encontro na Fé a força para continuar e a certeza de que continuo no caminho
certo.
A Páscoa é o tempo de criar espaços de
amor e perdão; é o tempo de nos sentirmos o irmão de cada homem e de tentar
tornar a vida mais humana. É também a quadra apropriada para um balanço, uma
avaliação do nosso procedimento para com os outros: todos erramos, todos
cometemos ofensas. Há que assumir o mal que fazemos e perdoar com humildade,
sem rancor ou ostentação. O mundo em que vivemos está cheio de falsos
pregadores e de vilões disfarçados de santos. Os tentáculos da hipocrisia não
cessam de se estender e, muitas vezes, assiste-se à prática de uma
"religião" onde a vaidade e o espectáculo usurpam o lugar reservado
ao recolhimento e à devoção. No entanto, para quem já viveu a verdadeira
experiência da Fé, nada disso a enfraquece, e o Mistério pascal da morte e
ressurreição de Cristo, reforça-a ainda mais.
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