sábado, maio 10, 2014

PÁSCOA


 
Festejar mais uma Páscoa é para mim como que um presente, um favor divino, uma graça, até talvez imerecida!
Mas é também um compasso de espera neste meu peregrinar pela vida; é a concessão de uma espécie de paragem para melhor reflectir sobre o seu sentido e as razões da Fé.
Talvez porque a Natureza ajuda ou algo de mais invisível me invade, estes dias que precedem a Ressurreição despertam um sentimento de esperança e alegria que fazem com que esqueça o peso dos anos... 
É assim como que um recobrar do ânimo, um retemperar de forças, um reconforto moral, tudo consubstanciado num sincero e sentido hino de louvor e graças a Deus pela ajuda e companhia prestadas neste já longo percurso pelos traiçoeiros e sinuosos caminhos da Vida.
O mundo em que vivemos está em constante mutação e muitas vezes acossado pela dúvida, interrogo-me se será mesmo verdade que quanto mais vivemos menos sabemos!... 
O que nos ensinaram ontem dizem-nos hoje que é mentira! E se quisermos adaptar-nos a essa nova "filosofia", temos que esquecer quase tudo o que nos ensinaram ou aprendemos. Eu, por mim, não quero! E não quero porque são muitas as contradições e poucas as certezas...
É por isso que, constantemente me esforço por fazer uma adaptação controlada sem, contudo, cortar as amarras que me ligam aos valores tradicionais da honra e da moral que me moldaram e que me fizeram chegar até aqui sem desonra e com muito orgulho.
E é, sobretudo, nestes dias e momentos diferençados, - mais convidativos a uma profunda e séria reflexão - que encontro na Fé a força para continuar e a certeza de que continuo no caminho certo.
A Páscoa é o tempo de criar espaços de amor e perdão; é o tempo de nos sentirmos o irmão de cada homem e de tentar tornar a vida mais humana. É também a quadra apropriada para um balanço, uma avaliação do nosso procedimento para com os outros: todos erramos, todos cometemos ofensas. Há que assumir o mal que fazemos e perdoar com humildade, sem rancor ou ostentação. O mundo em que vivemos está cheio de falsos pregadores e de vilões disfarçados de santos. Os tentáculos da hipocrisia não cessam de se estender e, muitas vezes, assiste-se à prática de uma "religião" onde a vaidade e o espectáculo usurpam o lugar reservado ao recolhimento e à devoção. No entanto, para quem já viveu a verdadeira experiência da Fé, nada disso a enfraquece, e o Mistério pascal da morte e ressurreição de Cristo, reforça-a ainda mais.
 
 

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