sábado, maio 10, 2014

ANTIGAMENTE A ESCOLA ERA RISONHA E FRANCA

 Há dias, falando de ensino e de comportamentos, quando citei como termo de comparação a primeira frase do poema de Acácio Antunes que serve de título à minha crónica de hoje, talvez influenciada por estes ventos de Abril, grande parte dos presentes quase me amaldiçoou!
A frase, embora usada já sem aquela carga pejorativa que lhe foi atribuída por altura da revolução dos cravos, ainda não deixa, por vezes, de causar um certo incómodo pelos resquícios de verdade que ainda encerra.
Hoje, ao proferi-la em público, é-se muitas vezes rotulado de saudosista, reaccionário, velho do Restelo, fascista, e eu sei lá de que mais... E com muita razão. Digo eu...
Quando e onde é que existiu uma escola tão franca e tão alegre como a de hoje?
Quando é que ela foi tão franca, tão livre, tão aberta, tão acessível e tão porreira como a de hoje? E quando e em que reinado é que os estudantes se riam tanto, brincavam e se divertiam, à grande e à portuguesa, nas aulas?
E quando é que eles tanto se evidenciaram a berrar e a contestar como o fazem agora? E quando é que lhes foi permitido dizer tanta asneira, insultar os professores, e fazer da indisciplina uma lei?!...
Agora... Claro! Por isso, que não venham esses velhos saudosistas e carunchosos, azucrinar-nos a cabeça com essas coisas velhas e relhas da educação, do bom comportamento, da civilidade e do respeito...
Fora com esses princípios castradores tais como, o da compostura pessoal, o da disciplina, o do sentido da responsabilidade, o da delicadeza e o do respeito pelos mais velhos!
Lixo com tudo isso! O tempo em que o professor tinha a última palavra, já lá vai! Chegou finalmente "a era do aluno". Chumbar?... O mestre que se cuide!
Que importa se não se sabe somar, dividir ou subtrair? E será crime dar pontapés na gramática ou escrever chouriço com três xis?
O que esses velhos saudosistas têm é inveja! É por isso que de vez em quando se lembram de abardinar o sistema e dizer mal desta cultura da vida airada que é bué.. Hoje a malta o que quer é curtir.
E esses cotas não compreendem, porque no tempo deles era tudo uma cambada de melgas, não havia pintas. Antigamente o clima era cagativo e foleiro. Agora é baril!  E então quando a bejeca vaza quase ininterruptamente até às botifarras, é uma desbunda baril!...
Nesse dia “acusaram-me” de ser saudosista. E sou. Não no sentido ideológico que estava subjacente à “acusação”, mas sim com base na pura essência da doutrina da saudade… Isto é, no que diz respeito à educação, ao respeito e aos valores morais que me ensinaram quando pequeno.
 

 

2 comentários:

Luiz Fernando Gabaglia Penna disse...

Antigamente a escola era risonha e franca, os professores verdadeiros MESTRES ! Hoje tudo é contestado por ignorantes, estultos em nome de pseuda liberdade , como bem demonstra o articulista; cheio de ódio e rancor. Pela volta da MERITOCRACIA.

SIDNEI RODRIGUES disse...

São muitos os motivos da mudança da escola no Brasil. O começo de tudo se deu no chamado êxodo rural, que trouxe para a cidade, e para as escolas, um novo tipo de platéia. Mas, a meu ver, esse foi um motivo menor. As escolas primárias, além das universidades, estão repletas de pseudo-educadores, que tentam passar sutilmente suas ideologias nas aulas. Isso mais notadamente no segundo grau. Há entre os " mestres " aqueles que defendem a tese do preconceito com o aluno que não aprende. É comum ouvir-se sobre a tal norma culta em contraste com a norma não culta. Daí próprios professores que não dominam a língua como deveriam e dão mau exemplo aos pupilos. Os textos a serem interpretados estão contaminados de doutrina esquerdista. O motivo maior, a meu ver, são as peculiaridades do nosso tempo. Não respeitar professor é algo comum em quem foi educado para não respeitar ninguém.