Não vou entrar em pormenores
uma vez que a referida reportagem é bem explícita quanto aos factos que
motivaram o diferendo existente.
No entanto, permitam-me que
transcreva um pequeno excerto do que escrevi neste Jornal em 09 de Agosto de
2012: «…) Ora sendo a totalidade das Freguesias da mesma cor política (PSD)
tal como a Câmara, que detém a maioria, isso não tornaria mais fácil encontrar
consenso para propor ao Governo uma solução para o concelho, em vez de receber
dele o figurino com o seu corte e costura? A quem cabe a responsabilidade da
inacção? Quase apetece perguntar por onde anda a Comissão Política Concelhia
que detém as Freguesias? O Povo pode não ter cursos, mesmo esses da era
moderna, mas não é burro.»
E agora pergunto: Que razões políticas
ou outras motivaram a extinção de uma Freguesia com 600 eleitores e com todos
os serviços necessários à sua continuidade? Para quem não sabe, aqui fica um
“inventário” desses serviços: uma Igreja Matriz com Salão Paroquial/Casa
Mortuária; uma Escola Básica; um Jardim de Infância; uma Oficina de Serralharia
e Canalização; uma de Carpintaria; um Salão de Cabeleireiro Unissexo; duas
Padarias- a Touricon e a Regional; um Centro Social com Apoio Domiciliário e
Centro de Dia; um Centro Cultural e Desportivo com Agência de todos os Jogos da
Santa Casa; uma Caixa Multibanco; um Centro Cultural nas Pousadas; um
Estabelecimento de venda de leitões assados; uma Farmácia; um Restaurante; um
Comércio de Mercearias e outros; um Estabelecimento de Alfaiataria com um
Pronto-a-Vestir; três Empresas de Comércio de Madeiras; uma de Materiais de Construção;
um Posto de venda de Combustíveis; uma Zona de Lazer com Bar, piscina e
pavilhão de eventos; um Campo de futebol de onze; um Polidesportivo, Balneários
bem apetrechados; uma Associação Folclórica- AFERT, que tem promovido grandes e
importantes eventos com um Rancho e um Grupo de Cavaquinhos; uma Estação de
Arte Rupestre no Valeiro da Ferradura…e até um cemitério onde repousam os
nossos antepassados e para onde também iremos um dia.
O consenso a que então me
referia foi o que está à vista – a extinção pura e simples da Freguesia sem
sequer haver qualquer diálogo com as populações. Agora, politicamente, não há
culpados. E se alguém reclama o que lhe é devido, ainda tentam impedir que a
sua voz seja ouvida publicamente!
Comemoraram-se há pouco os
quarenta anos de Democracia. Mas qual Democracia? A do Povo ou a dos
políticos?....
Manuel Ventura da Costa in
Jornal de Tondela de 15 de Maio de 2014