sexta-feira, março 21, 2014

UM MUNDO LOUCO


 

Não restam dúvidas de que o amontoar dos anos tem influência no funcionamento normal dos nossos neurónios.
E digo isso porque deve ser a ferrugem nas engrenagens dos meus que faz com que eu tenha cada vez mais dificuldades em compreender o mundo que me rodeia. É que, no meu entender, a vida actual processa-se a um a um ritmo tão desordenado, tão falho de sentido e de valores que não consigo vislumbrar uma alternativa para fugir do trilho que, fatalmente, nos conduz à loucura. Anda tudo louco!...
Quanto a mim, o mais difícil é conseguir a força mental necessária que me permita ficar indiferente ao que vejo, ao que leio e ao que ouço. Parece ter-se perdido a noção da realidade. Os problemas quer políticos quer sociais, são visto e encarados como meros combates ou simples espectáculos. Os protagonistas insultam-se, agridem-se, e nos intervalos exibem-se como palhaços de circo. É a confusão geral!... 
Há cerca de dois anos, citando uma velha máxima, escrevia eu: «onde todos mandam, ninguém manda, onde todos falam ninguém se entende e onde todos roubam não há ladrões...» Lembro-me de que na altura, um amigo me chamou a atenção para a última parte do aforismo, achando-a ousada de mais. Recordo-me ter- lhe dito que provérbios são provérbios e que não há regra sem excepção. Hoje talvez a minha resposta fosse diferente - se nas duas primeiras partes, o aforismo se mantém actual, no que se refere à parte final, infelizmente, as excepções, nesse capítulo, são cada vez menos.
É verdade que todas as sociedades têm problemas. Mas para que haja justiça e coerência na sua resolução é necessário que esses problemas sejam tratados de harmonia com o seu real valor e a sua verdadeira essência. Entre nós, faz-se o contrário e envereda-se geralmente pelo seu empolamento propositado, pela distorção, pela falta de rigor, pela falta de isenção, acabando quase sempre pela falta de respeito e de ética.
Na Assembleia da República é confrangedor e revoltante ver o procedimento de certos políticos que, refastelados nas cadeiras, esbracejam e riem, descaradamente, após a intervenção de um opositor. Os problemas mais importantes não se resolvem e passa-se o tempo em discussões estéreis, falando de tudo, menos do que interessa verdadeiramente ao País. Poucos trabalham e os que o querem fazer dificulta-se-lhes a vida… Um País sem rei nem roque! Um país virtual, pois agora até dizem que a “situação” está a melhorar!
Até as anedotas são mal contadas. E o resultado de tudo isto é a insegurança, a descrença e o mal-estar social. Não há dinheiro que chegue e nada mais fácil para o conseguir do que tosquiar o “rebanho” até o sangue jorrar. O que gera mais confusão na minha cabeça é que com todos estes actos tresloucados, haja ainda muita gente que, quando se fala em doidos, pense apenas nos manicómios!

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