Não restam dúvidas de que o amontoar dos
anos tem influência no funcionamento normal dos nossos neurónios.
E digo isso porque deve ser a ferrugem
nas engrenagens dos meus que faz com que eu tenha cada vez mais dificuldades em
compreender o mundo que me rodeia. É que, no meu entender, a vida actual
processa-se a um a um ritmo tão desordenado, tão falho de sentido e de valores
que não consigo vislumbrar uma alternativa para fugir do trilho que,
fatalmente, nos conduz à loucura. Anda tudo louco!...
Quanto a mim, o mais difícil é conseguir
a força mental necessária que me permita ficar indiferente ao que vejo, ao que
leio e ao que ouço. Parece ter-se perdido a noção da realidade. Os problemas
quer políticos quer sociais, são visto e encarados como meros combates ou
simples espectáculos. Os protagonistas insultam-se, agridem-se, e nos
intervalos exibem-se como palhaços de circo. É a confusão geral!...
Há cerca de dois anos, citando uma velha
máxima, escrevia eu: «onde todos mandam, ninguém manda, onde todos falam
ninguém se entende e onde todos roubam não há ladrões...» Lembro-me de que na
altura, um amigo me chamou a atenção para a última parte do aforismo, achando-a
ousada de mais. Recordo-me ter- lhe dito que provérbios são provérbios e que
não há regra sem excepção. Hoje talvez a minha resposta fosse diferente - se
nas duas primeiras partes, o aforismo se mantém actual, no que se refere à
parte final, infelizmente, as excepções, nesse capítulo, são cada vez menos.
É verdade que todas as sociedades têm
problemas. Mas para que haja justiça e coerência na sua resolução é necessário
que esses problemas sejam tratados de harmonia com o seu real valor e a sua
verdadeira essência. Entre nós, faz-se o contrário e envereda-se geralmente
pelo seu empolamento propositado, pela distorção, pela falta de rigor, pela
falta de isenção, acabando quase sempre pela falta de respeito e de ética.
Na Assembleia da República é
confrangedor e revoltante ver o procedimento de certos políticos que,
refastelados nas cadeiras, esbracejam e riem, descaradamente, após a
intervenção de um opositor. Os problemas mais importantes não se resolvem e
passa-se o tempo em discussões estéreis, falando de tudo, menos do que
interessa verdadeiramente ao País. Poucos trabalham e os que o querem fazer dificulta-se-lhes
a vida… Um País sem rei nem roque! Um país virtual, pois agora até dizem que a
“situação” está a melhorar!
Até as anedotas são mal contadas. E o resultado
de tudo isto é a insegurança, a descrença e o mal-estar social. Não há dinheiro
que chegue e nada mais fácil para o conseguir do que tosquiar o “rebanho” até o
sangue jorrar. O que gera mais confusão na minha cabeça é que com todos estes
actos tresloucados, haja ainda muita gente que, quando se fala em doidos, pense
apenas nos manicómios!
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