sexta-feira, março 21, 2014

NUM MUNDO DE FICÇÃO


 

 
Neste mundo andamos todos com o tempo controlado. Mais dia, menos dia e, às vezes, sem tempo de fazer a mala, lá vai o indígena de viagem… E tanto pode levar uma carta de recomendação para S. Pedro, como uma carrada de processos arquivados para alimentar as fornalhas do Inferno!
Vem isto a propósito dos cuidados que devemos ter com a alimentação que fazemos. Como se não bastassem já as terríveis doenças que não têm cura, os "cientistas" de serviço ameaçam-nos agora com os venenos que diariamente ingerimos.
Dizem eles que desde a carne de vaca e do mercúrio dos peixes do mar, passando pelos pesticidas dos legumes, pelos metais pesados escondidos na água que bebemos, pelos nitritos da carne de porco, pelas gorduras saturadas dos fritos,  pelo colesterol da manteiga, pelas hormonas dos galináceos, andamos a meter cá para dentro coisas tão perigosas que é inevitável a explosão!...
Em face de todos esses perigos, e não só porque foi sempre meu desejo morrer velho e são, mas também porque quero adiar o mais possível a tal "viagem", decidi adoptar, como medida de precaução, as regras adequadas. Portanto, nada de carne de vaca... Apenas a de boi; peixe do mar, nem vê-lo... Apenas o enlatado; água, só para tomar banho... Para o resto, vinho; carne de porco, não entra na salgadeira... Somente a de porca; gorduras saturadas, nem pensar, porque fritos só com azeite virgem; manteiga, só ao pequeno-almoço e carne de aves só a de patos bravos que é o que mais abunda por aí...
No capítulo das sobremesas e por questões orçamentais, substituímos muitas delas pelo queijo. E perguntar-me-ão vossências: - "Mas por quê o queijo?” A que eu responderei: - Porque além de ser rico em cálcio e fortalecer os ossos, diz um ditado antigo que, quem comer muito, torna-se esquecido... E, meus senhores, nos tempos que correm, o esquecimento é o melhor e mais barato antídoto contra a loucura que nos rodeia!
Quanto ao ambiente, tomámos também as nossas precauções. Nada de cuspir para o ar... Antes fazê-lo para o chão. Contra a poluição, contra cheiros e gases, e no intuito de contribuir para uma atmosfera mais pura, erradicámos da alimentação os farináceos e, mais especificamente, o feijão. No jardim, e para adubar as roseiras, em vez de esterco, estamos a praticar a adubação virtual, espalhando, sobre a terra, mãos-cheias de promessas - um processo que além de estar na moda é muito mais barato... Podem estas medidas de nada servirem para adiar a partida para a outra banda. No entanto, porque vivemos num país fictício, há que alimentar sempre a esperança de que a ficção se converta em realidade!... 
 
 
 

Sem comentários: