Muita
gente se queixa de que, nos supermercados, tudo ou quase tudo o que ali se
vende vem do estrangeiro.
À
medida que os dias passam menos produtos portugueses se vêem à venda. Não vou
aqui explicar os motivos que estão na base dessa escassez, pois todos sabemos a
que se deve tal situação. Enquanto os políticos não se virem obrigados a pegar
numa enxada para granjear aquilo que comem, a nossa agricultura não passará
desta cepa-torta e até com tendência a acabar de vez. Parece que até os
tomates, que havia em excesso, tem os dias contados…
Mas
como não gosto de dramatizar e prefiro, antes, encarar as coisas com humor, um
destes dias, ainda na cama, comecei a pensar e cheguei à conclusão de que,
afinal não deve haver nenhum País que se possa gabar de que tudo o que se come
ou se usa é exclusivamente obra sua.
Por
exemplo este pijama que tenho vestido é oriundo da China e a cama em que me deito
é um modelo concebido primitivamente na Pérsia ou na Ásia Menor.
O
relógio que me diz que são horas de levantar é invenção da Europa Medieval. Depois,
no quarto de banho, o vidro do espelho foi inventado pelos antigos Egípcios,
enquanto o emprego dos ladrilhos de cerâmica do chão, começou no próximo
Oriente e a porcelana do lavabo, na China.
A
banheira e demais objectos sanitários são cópias de modelos romanos. A barba é
também um rito instituído pelos sacerdotes do antigo Egipto, ao passo que o
sabonete foi inventado pelos antigos gauleses e a toalha com que me enxugo, é
turca!
As
roupas que visto são derivadas dos vestuários de peles dos antigos nómadas das
estepes asiáticas e fecham-se com botões cujos protótipos apareceram na Europa
no fim da Idade da Pedra!
A
tira de pano que ponho ao pescoço, que dá pelo nome de gravata, é um vestígio
dos xales que usavam os croatas do século XVII.
Venho
tomar o pequeno-almoço e tanto os líquidos como a comida são apresentados em
recipientes que tiveram origem também na China, ao passo que o garfo é uma invenção
da Itália medieval e a colher é uma cópia do modelo romano.
O
café é produzido por uma planta oriunda da Abissínia, a laranja foi aclimatada
na região mediterrânea e os cereais são provenientes de plantas cultivadas no
Próximo Oriente.
Terminada
a refeição, ao sair, ponho na cabeça um pedaço de feltro, a que chamam chapéu e
que foi inventado pelos nómadas do Oriente.
Receando
as fantasias do tempo, levo um guarda-chuva, inventado na India.
Posto
isto, meus amigos se, como dizem, o Mundo é uma bola que rebola e em cada volta
que dá, muda a face das coisas, esperemos que um dia possamos também exportar
alguns dos nossos fazedores de leis e com o dinheiro adquirido possamos
cultivar de novo, pelo menos, tudo o que comemos. Incluindo tomates. Que não os
de estufa. Mas os naturais e genuínos…
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