A acreditar na doutrina de ilustres pensadores, de
filósofos de renome e de outros seus seguidores, um País em que, pelo menos,
oitenta por cento da sua população não ria a bom rir, pode ser considerado uma
necrópole de seres vivos!
Entre nós, e segundo uma avaliação muito pessoal, o riso
está em queda livre, e dos trinta por cento que ainda riem, grande parte é
constituída por políticos, futebolistas e trafulhas…
O que me admira, é que o “Executivo”, – que é um autêntico
alfobre de contadores de anedotas – não tenha ainda tomado medidas para
combater esta espécie de “sinistrose” endémica!
Mobilizam-se todos os meios de propaganda para incentivar o
investimento monetário, mas ninguém pensou ainda em investir no mercado do
riso. Isento de IVA, sem necessitar de receita médica, além de ser ainda mais
barato do que os “genéricos”, é também a melhor arma para enfrentar o dia-a-dia
que cada vez se torna mais difícil de gerir.
Um amigo meu que, nas horas vagas, se dedica ao estudo das
antigas formas de humorismo, dizia-me há dias que o célebre general de Napoleão
antes de pronunciar a tal palavra de cinco letras que ficou conhecida por palavra de Cambrone teria
exclamado (não se sabe bem porquê!...) «Les portugais sont toujours gais!...»
Aqui está mais uma razão para não deixar cair por terra os
nossos pergaminhos, a nossa fama de outrora. Aliás, não podemos também esquecer,
que em cada página da nossa História antiga, é raro não aparecer um humorista!...
Isto para já não falar da nossa História recente em que todas as páginas são
democraticamente hilariantes!...
Posto isto, a minha sugestão iria para a criação de mais um
curso universitário, onde se ensinassem apenas as várias maneiras de fazer rir
o pagode - uma espécie de terapia do riso. Com todo o pessoal a rir, muitas
coisas mudariam no país, sobretudo no capítulo da saúde. Não dizem que «rir é o melhor remédio?» Lembram-se
da história daquele velhinho que viveu muitos anos porque ria muito e morreu a rir?
Leiam o que me contou a neta: «Meu Avô riu sempre muito. À aproximação dos cem
anos, começou a rir mais, e ria por tudo e por nada. E como o riso é contagioso,
todos nós ríamos com ele e divertíamo-nos muito. Num Domingo, acordou ainda
mais sorridente e não foi possível fazer-lhe a barba, de tal maneira o seu
corpo era sacudido por acessos de riso que impediam qualquer aproximação da
navalha de barbear. De tanto rir, as lágrimas deslizavam em catadupas pelo seu
rosto enrugado. Depois, cerca do meio-dia, começou a olhar-nos de uma forma
estranha, apontando com o dedo e rindo a bandeiras despregadas. De repente,
notámos que ele não se mexia. Foi o fim!... O Avô conservava ainda um sorriso
nos lábios, mas ia já a caminho dos anjinhos…»
E choraram?-perguntei. «Então acha que chorar por uma homem
que morreu a rir, é coisa de gente séria?» – respondeu a neta sorridente.
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