Julgo que o ser humano é o
único organismo vivo que possui a capacidade de rir. O riso implica uma
consciência. Nada daquilo que o homem inventou até agora é capaz de gracejar.
Já viram, por exemplo, algum computador por mais avançada técnica que possua,
que, por si só, seja capaz de rir?
O riso, no meu entender, está
intimamente ligado à inteligência, a essa faculdade que nos foi concedida para
podermos manifestar de maneira inequívoca a nossa existência no planeta que
habitamos. O humor está intimamente ligado ao coração e é um meio de
comunicação quando o diálogo se torna impossível e somos ultrapassados pela
amplitude de um problema ou de uma situação.
Rir dos outros é sempre fácil.
Mas rir de nós próprios torna-se mais difícil e chega a ser, para muitos,
tarefa impossível.
Porém a auto-ironia é uma das
melhores terapias e ajuda-nos a ter consciência dos nossos próprios defeitos, permitindo-nos,
assim, que os corrijamos mais facilmente.
O nosso ego puxa quase sempre
para o sério, mas o humor na maior parte dos casos anula essa seriedade e
dá-lhe mais sentido de vida, mais cordialidade ao mesmo tempo que reforça a
convivência e a integração na sociedade.
Ainda não há muito tempo, era
raro ver um militar, um ditador, ou até um chefe religioso ostentar um rosto
sorridente. Nessa época, o semblante austero, em certas circunstâncias, era
obrigatório ou quase de lei.
E ainda restam resquícios dessa
época e não é raro verificar ainda hoje tal situação, especialmente em alguns
locais de culto. Já viram o rosto austero e sorumbático de muitos dos
participantes? Tudo parece morte num local onde é suposto vivificar a fé?!...
Rir de si próprio e das nossas
situações ridículas é a melhor maneira de sermos nós próprios e de assumirmos,
por inteiro, a nossa verdadeira identidade como seres humanos que somos.
O humor desdramatiza,
ajudando-nos a olhar e a observar com bonomia os comportamentos humanos,
demonstrando-nos que os outros têm sobre nós apenas a importância que nós lhes quisermos
dar.
Como costuma dizer-se, a vida
é uma peça de teatro em que cada um de nós tem um rol a desempenhar. Por isso,
façamo-lo com humor e boa disposição…
Com estes apertos de cinto é
impossível baixar as calças. Mas mesmos se nos obrigarem a fazê-lo, façamo-lo
com classe, com diplomacia – exibindo com determinação o anverso, e não expondo
demasiado o reverso.
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