sexta-feira, janeiro 06, 2012

ESTÓRIAS DA HISTÓRIA

Costumo, de vez em quando, folhear os livros por onde estudei. Alguns, diga-se em abono da verdade, estão em fanicos. Mas, mesmo assim, gosto deles, e é sempre muito carinhosamente que os manuseio. Alguns têm ainda frases ou dedicatórias de antigos ou antigas colegas, e num deles, na página 26, há uma violeta mirrada, de folhas amarelecidas, que ficou esquecida!
Há coisas a que não demos importância enquanto jovens, mas que nos aparecem agora sob outra forma, isto é, despidas daquelas vestes coloridas e ilusórias que marcaram o figurino da nossa juventude.
E foi num dia destes, depois de reler a História de Portugal que cheguei à conclusão que, afinal, fomos sempre um povo de "libertadores".
E isso começou já em 1140, quando D. Afonso Henriques pôs a senhora sua mãe no seu lugar e libertou o Condado Portucalense. E desde então fomos vivendo, cai aqui, levanta acolá, até que os Filipes nos deitaram a manápula. Foram sessenta anos, caladinhos, e obedientes às ordens de nuestros hermanos.
Porém, com este nosso espírito de liberdade que herdámos do "homem que bateu na mãe", a pachorra atingiu o limite, e em 1640, sob as ordens de João Pinto Ribeiro, um punhado de libertadores, dirigiu-se ao Paço, encontrou o traidor escondido num armário e com um tiro imobilizou o verdugo, que foi depois atirado, por uma janela, tendo a mesma receita sido prescrita à teimosa Duquesa de Mântua: «se não saísse pela porta saía também pela janela...»
Depois, em 1908, dois "corajosos" assassinos mandados e "agindo em nome do povo" assassinaram cobardemente El Rei D. Carlos e o príncipe herdeiro, em nome de uma pseudo-república, que viria a tornar-se, como popularmente se diz, uma autêntica «república das bananas». E até 1928 "era rei morto, rei posto", sempre com o eterno sacrificado – o Povo.
A partir daí houve uma certa acalmia que durou cerca de quarenta anos, mas como o bichinho da liberdade nos roía cá por dentro, eis que surge outra libertação – a dos “cravos”.
E foi o início de uma nova era, que com o andar dos tempos e depois de muitas traquinices dos donos da quinta se transformou na “era dos cravas”, presidida por “Cocó, Ranheta e Facada”, mais conhecida por “Troika”!
Mas sosseguem os inconformados, porque o bichinho da libertação, apesar de muitos e variados insecticidas, não morreu. E a prová-lo estão as declarações de um “patriota” de Abril, que afirmou há dias que Portugal está “a atingir os limites” e como “há menos quartéis” um golpe de Estado seria mais eficaz.
Perante estes arrufos de libertação, apetece-me recordar as palavras do escritor francês Georges Duhamel: “Cristo quando falou ao Mundo, fê-lo como se ele fosse povoado de bons e de maus. Esqueceu os imbecis…”












Sem comentários: