Um Domingo frio de Janeiro. Um daqueles dias em que não apetece sair de casa, mas sim ficar á lareira. Há pouco, quando fui buscar lenha, mal abri a porta, um ventinho frio deu-me os bons dias e reforçou esse meu desejo.
E aqui estou olhando os troncos que ardem e aquecem a sala. Minha mulher entretém-se com os bordados e eu, música em surdina, vou lendo um livro de Erico Veríssimo que me foi oferecido por um dos meus filhos.
E, mesmo em Janeiro, o ambiente ainda tem feições de Natal. Parece haver ainda no ar aquele cheiro característico dos bolos que nos traz a recordação daquela magia indescritível dessa festa da família.
Não há dúvida de que somos nós que construímos a nossa história, que tornamos o nosso lar mais aconchegante, que aquecemos com afectos esses momentos de harmonia familiar. Os troncos ardem, as labaredas esgueiram-se chaminé acima em danças fantasmagóricas e o calor invade este cantinho, aquece o corpo e transmite-nos um bem-estar interior difícil de explicar. Quando a nossa casa é aquecida por um conforto espiritual, a vida tem um significado mais verdadeiro, mais significativo e é muito mais fácil de enfrentar!
Por vezes, os dois, aqui ao borralho, dedilhamos o rosário das nossas vidas olhando o passado, reflectindo sobre os erros que cometemos, as alegrias que vivemos, os momentos que poderíamos ter gozado e não gozámos.
De vez em quando, uma recordação mais terna da infância dos filhos ou uma lembrança mais triste duma despedida que poderia ter sido um adeus, conforta-nos a alma por termos sobrevivido e dá-nos mais ânimo para continuar a caminhada. E é nesta tranquilidade, nestes momentos a sós, nestes diálogos sobre o que passámos, que a vontade de viver se torna mais forte… É uma espécie de vingança contra o tempo que não vivemos!
Às vezes é o silêncio absoluto e só se ouvem os estalidos dos troncos. Mesmo agora, num desses silêncios, uma faúlha saltou da lareira, deixou um rasto luminoso no ar e veio cair na carpete, despertando-nos. E a imaginação, que percorreu milhares de quilómetros, que ziguezagueou pelo azul do céu, e sobrevoou locais longínquos como avião que espreita o campo de batalha, regressou!...
Nem sempre estes momentos de paz interior – embora interrompidos por silêncios que falam – são possíveis. Mas são momentos que ficam gravados e que nos ensinam a viver – o homem, por mais estudos que faça, por mais dotado que seja, por mais anos que conte, não passa de um simples aprendiz da vida. É que ela recomeça todos os dias e em cada dia que o sol nasce, ela é sempre nova, é sempre diferente…
E aqui estou olhando os troncos que ardem e aquecem a sala. Minha mulher entretém-se com os bordados e eu, música em surdina, vou lendo um livro de Erico Veríssimo que me foi oferecido por um dos meus filhos.
E, mesmo em Janeiro, o ambiente ainda tem feições de Natal. Parece haver ainda no ar aquele cheiro característico dos bolos que nos traz a recordação daquela magia indescritível dessa festa da família.
Não há dúvida de que somos nós que construímos a nossa história, que tornamos o nosso lar mais aconchegante, que aquecemos com afectos esses momentos de harmonia familiar. Os troncos ardem, as labaredas esgueiram-se chaminé acima em danças fantasmagóricas e o calor invade este cantinho, aquece o corpo e transmite-nos um bem-estar interior difícil de explicar. Quando a nossa casa é aquecida por um conforto espiritual, a vida tem um significado mais verdadeiro, mais significativo e é muito mais fácil de enfrentar!
Por vezes, os dois, aqui ao borralho, dedilhamos o rosário das nossas vidas olhando o passado, reflectindo sobre os erros que cometemos, as alegrias que vivemos, os momentos que poderíamos ter gozado e não gozámos.
De vez em quando, uma recordação mais terna da infância dos filhos ou uma lembrança mais triste duma despedida que poderia ter sido um adeus, conforta-nos a alma por termos sobrevivido e dá-nos mais ânimo para continuar a caminhada. E é nesta tranquilidade, nestes momentos a sós, nestes diálogos sobre o que passámos, que a vontade de viver se torna mais forte… É uma espécie de vingança contra o tempo que não vivemos!
Às vezes é o silêncio absoluto e só se ouvem os estalidos dos troncos. Mesmo agora, num desses silêncios, uma faúlha saltou da lareira, deixou um rasto luminoso no ar e veio cair na carpete, despertando-nos. E a imaginação, que percorreu milhares de quilómetros, que ziguezagueou pelo azul do céu, e sobrevoou locais longínquos como avião que espreita o campo de batalha, regressou!...
Nem sempre estes momentos de paz interior – embora interrompidos por silêncios que falam – são possíveis. Mas são momentos que ficam gravados e que nos ensinam a viver – o homem, por mais estudos que faça, por mais dotado que seja, por mais anos que conte, não passa de um simples aprendiz da vida. É que ela recomeça todos os dias e em cada dia que o sol nasce, ela é sempre nova, é sempre diferente…