quinta-feira, maio 26, 2016

RESPOSTA A UM "DEMOCRATA"


 
Se não acredita ou tem medo de fantasmas, não continue a leitura. Amarfanhe o jornal e pelo sim pelo não, meta-o no forno e queime-o. E não se esqueça de lavar e desinfectar as mãos!
Tudo isso porque hoje vou ser obrigado a falar de vultos de mortos, de assombrações e de almas do outro mundo… Não é por morbidez que o faço. Sou obrigado a isso. Bastou ter mencionado na minha última crónica o nome de um morto – o de Salazar - para que um “democrata” escondido sob um endereço electrónico falso me mimoseasse com a seguinte mensagem: «Senhor cronista: Pensei que já tinha despido a casaca de fascista, mas é com tristeza que verifico que isso não acontece. O senhor nem evocando Abril evita falar nessa figura macabra e tenebrosa que continua a idolatrar. Um filho da democrata.»   
Penso já ter dito várias vezes que as cartas ou mensagens anónimas têm apenas como único destino o cesto dos papéis, o lixo.
No entanto, esta é uma excepção e recupero-a, pois o seu autor corre perigo de vida e tem necessidade urgente de um exorcismo. Não por mim que nada sei dessas práticas, mas por um técnico competente que lhe meta na cabeça, nem que seja com uma picareta, que as pessoas que morrem, por mais evocações que lhes façamos, não voltam, nem embrulhadas em lençóis...  Aliás, caso isso fosse possível, julga que o dito cujo, teria prazer em voltar ao reino dos vivos? Ele que morreu pobre sentir-se-ia bem ao levantar a pedra tumular e ver-se no meio de muitos filhos da pátria, anafados, esguichando euros por todos os poros, bem enfarpelados, sapato luzidio e ele de bota grossa, sem um tostão no bolso?
Pare lá com esse seu complexo, homem! Deixe de acreditar em fantasmas. Vá a um exorcista e de caminho compre uns óculos bem graduados. Conhece aquela estória da vidraça? Não conhece? Então eu vou conta-la: «Um casal recém-casado foi morar para um bairro tranquilo nos arredores de uma pequena cidade do interior. De manhã enquanto tomavam café, a mulher reparou através da janela numa vizinha que pendurava lençóis no varal e comentou com o marido: «Que lençóis tão sujos! Se tivesse intimidade com ela perguntava-lhe se queria que eu a ensinasse a lavar a roupa!» O marido não fez comentários. O caso repetiu-se por vários dias e sempre que havia roupa a enxugar a acusação repetia-se – «a vizinha não sabia lavar a roupa!» Passado um mês a mulher ficou surpreendida ao ver os lençóis brancos, branquíssimos, estendidos na corda! «Finalmente – disse para o marido - aprendeu a lavar a roupa. Será que outra vizinha a ensinou?» Então o marido calmamente respondeu: – Não, não foi isso. Eu é que hoje me levantei mais cedo e lavei os vidros da nossa janela!»
Fiz-me compreender? Só mais um conselho: quando mandar mais mensagens não assine: filho da democracia. É que essa “senhora” anda tão mal acompanhada e por caminhos tão tortuosos e escuros que a sua filiação pode ser mal interpretada…    

 

 

 

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