quinta-feira, maio 26, 2016

A VIDA É TÃO CURTA!...


Não há dúvida que a vida é exageradamente curta para a gozarmos e para armazenarmos todos os ensinamentos que ela nos proporciona. O homem não vive o tempo suficiente para realizar todos os seus sonhos e para ver concretizados todos os seus anseios.
De facto, só a partir de uma certa idade – quando as paixões já não perturbam o nosso raciocínio; quando a ambição se queda pela tranquilidade da família e do lar: quando já não nos espicaçam sentimentos de vaidade, de protagonismo, de supremacia, de emulação ou de lascívia, – só a partir de uma certa idade, dizia, é que damos conta de quão efémera é a nossa passagem pela terra. Só então damos conta do pouco que sabemos e do muito que ainda poderíamos ter aprendido!
Só então nos apercebemos do tempo que desperdiçámos em futilidades; do tempo que esbanjámos com coisas mesquinhas; de tanta coisa bonita que ao longo da vida nos rodeou e que não vimos ou que não vivemos; de tanto julgamento errado que fizemos e de tanta coisa boa que jogámos porta fora!...
A vida é curta… Somos um pedaço de muitos pedaços. E se é verdade que todos os dias morremos um pouco, mesmo assim é difícil mentalizarmo-nos e pensar que devemos viver cada dia como se fosse o último.
Às vezes, nestas meditações, nestas minhas viagens aos arquivos da minha memória, quando subo as escadas, parece-me ouvir passos lá fora. Detenho-me a meio, paro de subir e espero que alguém bata à porta… Ninguém. Talvez um sonho antigo que vinha visitar-me, mas por ser já tarde, se arrependeu e desapareceu na escuridão dos tempos… E então faz-se silêncio dentro de mim: como num filme antigo, a preto e branco, perpassam-me pela mente imagens desbotadas: - silhuetas, caras de meninas velhas, de cabelos brancos, olhos papudos, mas com sorrisos tão ternos e francos que até disfarçam as rugas! É a utopia a querer sobrepor-se à realidade. É uma espécie de réstia de sol que entra pelas frinchas de uma casa velha e que vem até à lareira apagada, como que num desafio, tentando reavivar as labaredas do passado…
Como artista em rocha disforme, de martelo e cinzel em punho, assim os anos vão esculpindo as nossas vidas, modelando as nossas ideias, aprofundando a nossa consciência espiritual. A vida é curta, mas há que alongá-la. Fica a receita: Junte um arrátel de Fé, um pouco de utopia, um tudo-nada de ficção, meia porção de realidade e uma mão cheia de esperança. Mexa, utilize aquele fogo que “arde sem se ver”, e sirva… E não se esqueça: sorria sempre.

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