terça-feira, fevereiro 02, 2016

O AVANÇO DA TECNOLOGIA


Li, há dias, numa revista da especialidade, que muito em breve todos os meios de transporte, quer aéreos, quer terrestres, poderão circular sem a ajuda de qualquer piloto ou motorista.
Não há dúvidas que o futuro pende cada vez mais para a abstracção e à medida que o tempo vai passando, a tecnologia avança, fazendo com que, em cada dia que passa, o ser humano seja substituído por mais uma dessas inovações tecnológicas.
Com as passadas gigantes da robótica e da inteligência, com toda esta automação como irá ser o futuro, sobretudo, no que diz respeito ao lugar do homem na sociedade?
Talvez tal facto seja encarado pelos mais novos sem grandes sobressaltos, mas para aqueles que, como eu, nasceram e cresceram no tempo dos antigos transportes – como a zorra, o carro de bois, a charrete e o automóvel Ford T, etc. etc. – confesso, que esses “agentes digitais inteligentes” me levam a grandes e inconclusivas reflexões!...
E é por isso que quando esta realidade tecnológica me baralha e me impede de acompanhar a rápida evolução a falta da possibilidade intelectual de compreender o mundo em que vivo, rebobino o meu filme a preto e branco, que está ainda gravado na memória, sento-me no velho cadeirão e assisto ao desfilar das imagens:
E lá está o lavrador de tamancos manchados com bosta de vaca, aguilhada no ombro, soga na mão, guiando o carro de bois; o ferreiro de mãos negras e de cara sarapintada, malhando o ferro na bigorna; o merceeiro de bata cinzenta e lápis atrás da orelha, fazendo um cartucho de papel almaço e aviando o freguês; o padre vestido a preceito, gola da labita puída pelo rígido cabeção, conversando com o regedor; o médico, chamado à pressa, malinha na mão, sempre sorridente, incutindo esperança; o advogado de falas compassadas e modos afáveis, tentando conciliar dois habitantes desavindos por questões de extremas em pinhais; a professora, exigente na aprendizagem dos alunos, fazendo da profissão um sacerdócio; o funcionário público, de mangas postiças, as famosas mangas-de-alpaca, ainda imbuído dos verdadeiros princípios da sua missão de servir e o administrador, bota cardada, conversando com alguns habitantes da aldeia no exercício do seu cargo, mais por honra do que por dinheiro…
Interrompi a rodagem da velha fita de celulóide e, recordando as personagens do velho filme, tentei fazer uma comparação com as da actualidade no seu constante avanço tecnológico. Impossível!...
E tão impossível como comparar o carro de bois do Ti Zé Manel com um automóvel sem motorista ou o trabalho do Ti Zé Ferreiro com um robot da Auto Europa!
Mas nada há que fazer para suster o avanço da tecnologia, alguma, inibidora da socialização….Mesmo em casa, quando concluímos que os nossos netos conhecem melhor os seus amigos virtuais do que os elementos que constituem a família…




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