A certa altura da nossa recente história surgiu cá no rectângulo uma casta
de indivíduos que talvez por não terem sido favorecidos na inteligência, foram
compensados na esperteza. E nesse capítulo, o da esperteza, eram uns
verdadeiros craques, autênticas sumidades. Um dia, cinco deles, bem-falantes e
bem vestidos, juntaram-se e criaram cinco associações cujo objectivo era viver
à custa do esforço alheio. Como eram muitos os burros que pacificamente
pastavam nas verdes planícies do condado, a escolha recaiu na criação de uma
empresa de compra dos ditos.
Propaganda feita e começou a caça dos jumentos, pois muitos andavam
perdidos ou entretidos a pastar nas policromadas montanhas deste bonito jardim
à beira mar encalhado. O preço de cada azémola foi fixado em 5 euros. Em breve
foram comprados centenas de asnos e postos a trabalhar, fazendo girar essas
várias geringonças espalhadas pelo país e às quais se dão variados nomes…
Sempre rodando, de olhos tapados e de sol a sol, os quadrúpedes em breve trouxeram
grandes benefícios aos seus donos e senhores, que paulatinamente iam
enriquecendo. A certa altura como os jericos começassem a escassear, uns por
cansaço, outros por velhice, o preço foi aumentado para o dobro e cada novo
elemento era pago a 10 euros. E foram compradas centenas de asnos...
Mas quando os Zés diminuíram o esforço na procura, decidiram os chefes que
se aumentasse o preço de cada jerico para 10 euros. E todos voltaram à caça.
Entretanto os animais começaram a rarear e os cinco “sócios” escafederam-se! Antes,
porém, deram ordens ao tesoureiro para aumentar para 50 euros o preço a pagar
por cada azémola, caso a oferta diminuísse. Mal os dois partiram, o tesoureiro,
mais esperto e com a bolsa mais vazia, fez uma proposta ao pessoal:
“Olhem cá! Que tal se eu vos vendesse todos os burros a 30 euros e vocês os
vendessem depois ao chefe a 50? Que dizem vocês?»
Toda a gente concordou. Reuniram todas as economias e compraram centenas e
centenas de jumentos, pagando 30 euros por cada animal...
Mas como os seus “chefes”, o tesoureiro também desapareceu. E com os bolsos
bem cheios. E só ficaram burros por todo o lado…
E terminou a história. O leitor percebeu?!...
Lembra-se do ditado que diz que «em terra de cegos quem tem olho é rei?» E
de que «quem não quer ser burro não se deixa albardar?» Pense em tudo isso e
encontrará alguns dos motivos que originaram a barafunda em que nos meteram. Quanto
a burros…lembre-se daquela outra máxima que diz «que só as moscas mudam, porque
o burro é sempre o mesmo…»
Sem comentários:
Enviar um comentário