Nunca ouviu falar de “pleonasmite"?
Se não ouviu, preste atenção antes que seja tarde. A “pleonasmite” é uma
“doença” que atinge muita gente. É uma “doença” congénita para a qual não se
conhecem por enquanto nem vacinas nem antibióticos. É, por isso, uma “doença”
que não tem cura, mas que não mata. O que necessita é de ser controlada, pois incomoda
bastante os que convivem com o paciente. O sintoma aparece nas conversas,
quando se verbalizam pleonasmos (ou redundâncias) que, com o objectivo de
reforçar uma ideia, acabam por lhe conferir um sentido quase sempre patético.
Leia este exemplo: “Quando “subi pra
cima”, tudo bem; mas depois quando “desci pra baixo” escorreguei. Tentei
“entrar para dentro” de casa, mas tive uma “surpresa inesperada” quando meti a
mão no bolso e não tinha a chave...
O leitor já se apercebeu de que também
sofre dessa “doença”?!...Acha que não sofre?!...
Então nunca disse que estava a “recordar
o passado”?
Está a ver que nem sempre esteve atento
aos “pequenos detalhes”? Lembra-se de quando faleceu o marido da D. Floripes e
lhe deu os “sentidos pêsames” disse cá fora que a “viúva do falecido” estava
muito triste?
E quando alguém lhe disse que achou o
contrário, não disse que era a sua “opinião pessoal” baseada em “factos reais”?
Também não disse que aquela “doença má”
que vitimou o falecido tinha vindo sem “aviso prévio” e que isso acontece a
“todos sem excepção”?
Também não me disse há dias que um
supermercado estava a tentar atrair clientes com “ofertas gratuitas”? Há
tempos, quando fez obras em sua casa e eu lhe perguntei se estavam prontas,
lembra-se de que me disse que faltavam apenas os “acabamentos finais”?
E também não me disse que amanhã ia ao
cinema ver um filme que “estreia pela primeira vez”?
E há pouco não disse que tinha a
“certeza absoluta” de já o ter visto e que até sabia o nome do “principal
protagonista”?
E aquando do incêndio na Serra me disse “vi
com os seus próprios olhos” que a floresta “ardia em chamas” apesar de se ter
juntado uma “multidão de pessoas”? Lembra-se? Por tudo isso, “já agora” siga o
meu conselho, “não adie para depois” e comece a “encarar de frente” essa “doença”.
Não faça como “há dois anos atrás” que
disse que ia começar a sua “própria biografia” e depois não a fez porque teve
de “sair para fora”, para o estrangeiro?!...
Corrija-se ou então esqueça este texto.
Porque afinal de contas eu posso também estar só “maluco da cabeça".
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