sexta-feira, novembro 13, 2015

A PLEONASMITE


 
Nunca ouviu falar de “pleonasmite"? Se não ouviu, preste atenção antes que seja tarde. A “pleonasmite” é uma “doença” que atinge muita gente. É uma “doença” congénita para a qual não se conhecem por enquanto nem vacinas nem antibióticos. É, por isso, uma “doença” que não tem cura, mas que não mata. O que necessita é de ser controlada, pois incomoda bastante os que convivem com o paciente. O sintoma aparece nas conversas, quando se verbalizam pleonasmos (ou redundâncias) que, com o objectivo de reforçar uma ideia, acabam por lhe conferir um sentido quase sempre patético.

Leia este exemplo: “Quando “subi pra cima”, tudo bem; mas depois quando “desci pra baixo” escorreguei. Tentei “entrar para dentro” de casa, mas tive uma “surpresa inesperada” quando meti a mão no bolso e não tinha a chave...

O leitor já se apercebeu de que também sofre dessa “doença”?!...Acha que não sofre?!...

Então nunca disse que estava a “recordar o passado”?

Está a ver que nem sempre esteve atento aos “pequenos detalhes”? Lembra-se de quando faleceu o marido da D. Floripes e lhe deu os “sentidos pêsames” disse cá fora que a “viúva do falecido” estava muito triste?

E quando alguém lhe disse que achou o contrário, não disse que era a sua “opinião pessoal” baseada em “factos reais”?

Também não disse que aquela “doença má” que vitimou o falecido tinha vindo sem “aviso prévio” e que isso acontece a “todos sem excepção”?

Também não me disse há dias que um supermercado estava a tentar atrair clientes com “ofertas gratuitas”? Há tempos, quando fez obras em sua casa e eu lhe perguntei se estavam prontas, lembra-se de que me disse que faltavam apenas os “acabamentos finais”?

E também não me disse que amanhã ia ao cinema ver um filme que “estreia pela primeira vez”?

E há pouco não disse que tinha a “certeza absoluta” de já o ter visto e que até sabia o nome do “principal protagonista”?

E aquando do incêndio na Serra me disse “vi com os seus próprios olhos” que a floresta “ardia em chamas” apesar de se ter juntado uma “multidão de pessoas”? Lembra-se? Por tudo isso, “já agora” siga o meu conselho, “não adie para depois” e comece a “encarar de frente” essa “doença”.

Não faça como “há dois anos atrás” que disse que ia começar a sua “própria biografia” e depois não a fez porque teve de “sair para fora”, para o estrangeiro?!...

Corrija-se ou então esqueça este texto. Porque afinal de contas eu posso também estar só “maluco da cabeça".

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