sexta-feira, novembro 13, 2015

MAIS UM OUTONO


 
Matreiro, ele aí está!... Quente no começo e vestindo roupa de Verão, o Outono parecia querer enganar-nos. E talvez porque não gostou de ter sido mal interpretado por se ter apresentado com trajes que não eram seus, enfureceu-se, e fez trinta por uma linha – ludibriou os meteorologistas, trocou as voltas aos patrões da moda e acelerou a corrida às farmácias.

Depois, mais calmo, voltou às raízes, fez cara de mau, e aí o temos pardacento, vingativo, soprando forte, trovejante, chuvoso e frio!...

Mas, como nas etapas da vida, as estações do ano têm, também, cada uma, as suas belezas e os seus atractivos próprios. Como um pintor que mistura na sua paleta várias cores para fazer um belo quadro, assim o Outono pintalgou a Natureza com belos e variegados tons!...

A propósito, e agora que não chove, venham comigo dar uma volta pelo meu quintal: Olhem a beleza daquela mistura de cores, de todo o cambiante das folhas das videiras, além, na parreira. Apreciem este gigantesco porco-espinho que é o castanheiro, com os seus ouriços, alguns de boca aberta, rindo, mostrando os dentes – as castanhas!

Vejam aqui as romãs, coradas, macias, como a tez de um bebé recém-nascido. Ali à direita, vejam a groselheira com os seus frutos vermelhos – o supermercado da passarada!

Lá ao fundo, o azevinho e as suas bolinhas: umas verdes, outras acastanhadas, outras cores do carmim… A nogueira, carregada de frutos, alguns com o invólucro ainda verde, outros já abertos com as nozes prestes a cair! 

E aqui a contrastar com o despontar de novos frutos, o fim das rosas com a queda das pétalas que juncam o chão e fazem um tapete multicolor e viscoso. O princípio e o fim. Como na vida. Uns nascem e outros morrem!...

E este cheiro característico das uvas em decomposição, que ao misturar-se com esta fragrância que se exala da terra fecundada pela chuva, produz em nós uma sensação de tão indizível bem-estar e de tanta espiritualidade que se torna impossível descrever?!...

E a carícia deste brando vento vindo da Serra do Caramulo que faz estremecer as folhas das laranjeiras e desprender as gotas de água que caem na terra como lágrimas de alegria e de reconhecimento pela chuva, a riqueza que veio do Céu!

Encham os pulmões com este ar puro e sorvam esta brisa fresca e saudável que tonifica o corpo e reconforta a alma!

É Outono, caem as folhas. Na Natureza como na Vida, há sempre Deus. Há fim, e há recomeço. Há sempre beleza. Há encanto, e há sempre um sonho que se desfaz, e uma esperança que renasce...

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