O alarido começou com a doença das vacas
loucas, com os nitrofuranos dos frangos, com os nitritos da carne de porco e
agora com a carne vermelha e carne processada, como salsichas, fiambre, bacon
ou presunto.
Os investigadores da Organização Mundial
da Saúde colocaram a carne processada na “lista negra” dos produtos ou
substâncias para as quais existem “provas suficientes” que os ligam ao
aparecimento do cancro. Portanto, nada de salga, de fumeiro, fermentação ou
outros processos para melhorar o sabor ou a sua conservação. São cíclicos estes alarmes e, quanto a mim, por detrás deles há sempre qualquer coisa de suspeito. Não duvido que não haja motivo para acautelar a ingestão exagerada de certos produtos, mas tentar condicionar ou até mesmo proibir o seu consumo, creio que é ir demasiado longe em questões de alimentação. Aliás, não somos todos iguais e generalizar dá sempre origem a erros de avaliação.
Diz um ditado popular que “de médico e louco, cada um tem um pouco”. E é verdade. Não sou médico de porta aberta, mas sem desprimor para as normas dos verdadeiros discípulos de Hipócrates, muitas vezes “visto a bata” para dosear o “combustível” da minha máquina. E salvo algumas excepções nada ou quase nada faz mal, quando se evitam os excessos. A sabedoria popular é rica em ensinamentos sobre a alimentação e aqui vos deixo alguns provérbios que, quando cumpridos, podem diminuir drasticamente a conta da farmácia…
Começamos pelo que diz que “mata mais a gula do que a espada” e que “para longa vida, regra e medida no beber e na comida”. Deve também respeitar-se a hora do dia a que se comem certos alimentos, pois “a laranja de manhã é ouro, à tarde prata e à noite mata”. Já agora fique a saber que “comida sem sal, a doentes não faz mal” e que “quem come salgado, bebe dobrado”. Lembre-se também de que “para ter saúde tem de ter pouca cama, pouco prato e muito sapato”, pois “mais vale romper sapatos do que lençóis”. E quanto a bebidas não esqueça que “nada faz como o vinho se tomado com tino”, mas não esqueça de moderar a sua ingestão porque “onde entra o vinho sai a razão” e “depois de beber cada um diz seu parecer”. Lembre-se ainda de que “tabaco, vinho e aguardente tornam o são em doente” e de que “pão de hoje, carne de ontem e vinho de outro verão, fazem o homem são.” E por falar em alimentação, em proibições, em cuidados e cautelas, vou deixar-vos com a letra da canção do “Sebastião come tudo, tudo, tudo”, que espero a saibam trautear:
Sebastião come tudo,tudo,tudo,
Sebastião come tudo sem colher,
Sebastião fica todo barrigudo
E por fim dá beijinhos na mulher.