Eis
uma frase que adoptei como lema na década de 60 e que ainda hoje me serve de guia.
Em 1965 escrevi-a num papel e mandei-a copiar para uma chapa de ferro, que
depois, e à guisa de brasão, encimei com uma casa em miniatura, no interior da
qual coloquei uma lâmpada, que irradia luz.
Como
na língua do País onde então me encontrava não existia o til, o copista
substitui-o por um acento circunflexo.
Na
altura pensei corrigir o erro, mas perante o sorriso de satisfação do “artista”
quando me entregou a “obra”, desisti de o fazer. Afinal a gralha até tinha a
sua piada, pois o amanhâ com o
chapéu ficaria mais protegido das “intempéries” da vida!
Durante
anos o “brasão” manteve-se afixado numa espécie de pátio da casa onde habitei. Era
um espaço interior a céu aberto, com canteiros de flores e duas buganvílias,
uma branca e outra vermelha.
Era
lá que tomávamos o pequeno-almoço naquelas manhãs quentes e peganhentas de
África!
Hoje,
“o meu lema” encontra-se em destaque por cima da minha lareira – o meu refúgio
no Inverno, pois como vos tenho dito, sou um friorento como não deve haver
igual.
Mas,
como tudo na vida, a divisa em questão tem uma história: Logo no início dos
meus trabalhos no Continente Negro, e apesar de me encontrar num dos locais
mais recônditos daquele País, longe de tudo e de todos, o primeiro dinheiro que
ia ganhando, aplicava-o em variados utensílios de casa e em livros.
Passados
alguns anos pode dizer-se que tinha tudo o que é necessário numa casa
-utensílios de uso diário, uma biblioteca onde podia esclarecer dúvidas, um
rádio, por intermédio do qual, em onda curta, ouvia as notícias da Pátria distante,
e até, confesso, coisas supérfluas…
No
entanto, muitas vezes privávamo-nos de utilizar o que tínhamos para não
estragar ou para, eventualmente, nos acompanhar aquando do regresso definitivo!
Guardávamos
tudo quase religiosamente. Até que um dia… ficámos reduzidos à roupa que tínhamos
vestido. Perdemos tudo!
As
convulsões políticas na região fizeram com que ficassem apenas as paredes da
casa…
E
eis o motivo por que a partir daquela data nunca mais deixei o certo pelo
duvidoso, isto é, nunca mais deixei de sorver todos os momentos da vida e
sempre que posso, “vivo o “hoje” como se fosse o último dia da minha vida”,
porque... «Amanhâ pode já ser tarde...!»
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