quinta-feira, agosto 20, 2015

A PROPÓSITO DO NOSSO QUOTIDIANO


 
Como todos sabem, as parábolas são narrativas que usam alegorias para transmitir lições morais. Por isso, hoje, dei férias aos meus neurónios e vou tentar contar-vos uma que, penso eu, se encaixa, perfeitamente no actual contexto do dia-a-dia lusitano.

«Havia um rei que estava desesperado, porque não conseguia um novo arrecadador de impostos.

- Não há, neste país, uma pessoa honesta que possa arrecadar os impostos sem roubar dinheiro? - Lamentava-se ele.

E depois de pensar por alguns momentos chamou o seu conselheiro mais sábio e explicou-lhe o problema.

E o conselheiro deu a sua opinião:

-Peço a Vossa Majestade que publique um pregão, anunciando que estais procurando um novo arrecadador e deixai o resto por minha conta.

O anúncio foi feito e naquela mesma tarde, o salão do palácio encheu-se de gente. E vieram todos: grandes, pequenos, gordos, magros, velhos ou jovens, e todos elegantemente vestidos, menos um pobre homem vestido com roupas amarrotadas e bastante gastas. Os demais riam-se dele e cochichavam entre si:

- O rei não vai escolher para seu arrecadador um pobre homem como este, mal vestido, uma espécie de vagabundo….

 Entretanto chegou o sábio conselheiro e disse-lhes:

- O rei está à vossa espera, mas para chegar até aos seus aposentos, deverão passar por este corredor. Como ele é muito estreito só pode passar um de cada vez.  O corredor era, de facto, muito escuro e estreito e todos tinham de caminhar apoiando suas mãos nas paredes para não se perderem ou não se machucarem. Finalmente todos chegaram diante do rei e este, sem conhecer qual o estratagema do conselheiro cochichou-lhe:

- E agora o que faço?

- Com vossa permissão, Majestade, eu vou chamar a charanga para que toque uma música e depois vou pedir a todos os pretendentes ao cargo, que dancem…

 O rei achou muito estranho, mas fez o que o conselheiro lhe disse. Todos os homens se esforçavam em dançar com elegância, mas o resultado era um desastre. Parecia que tinham pés de chumbo. Apenas o homem mal vestido dançava com uma leveza invejável. Os outros quase não se moviam…

Então, o conselheiro dirigiu-se a ele, mostrando-lhe o dançarino pobre e disse-lhe: - É este é o vosso novo arrecadador - e explicou: Coloquei no corredor, estreito e escuro, montões de moedas e jóias. Este foi o único que não encheu seus bolsos com elas. Por isso dança tão levemente….»

O rei, finalmente, encontrou uma pessoa honesta. E se cá na Lusitânia experimentássemos o estratagema?

 

 

 

 

 

 

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