Como todos
sabem, as parábolas são narrativas que usam alegorias para transmitir lições
morais. Por isso, hoje, dei férias aos meus neurónios e vou tentar contar-vos
uma que, penso eu, se encaixa, perfeitamente no actual contexto do dia-a-dia
lusitano.
«Havia um rei que estava desesperado, porque não conseguia um novo
arrecadador de impostos.
- Não há, neste país, uma pessoa honesta que possa arrecadar os impostos
sem roubar dinheiro? - Lamentava-se ele.
E depois de pensar por alguns momentos chamou o seu conselheiro mais
sábio e explicou-lhe o problema.
E o conselheiro deu a sua opinião:
-Peço a Vossa Majestade que publique um pregão, anunciando que estais procurando
um novo arrecadador e deixai o resto por minha conta.
O anúncio foi feito e naquela mesma tarde, o salão do palácio encheu-se
de gente. E vieram todos: grandes, pequenos, gordos, magros, velhos ou jovens, e
todos elegantemente vestidos, menos um pobre homem vestido com roupas
amarrotadas e bastante gastas. Os demais riam-se dele e cochichavam entre si:
- O rei não vai escolher para seu arrecadador um pobre homem como este, mal
vestido, uma espécie de vagabundo….
Entretanto chegou o sábio conselheiro e disse-lhes:
- O rei está à vossa espera, mas para chegar até aos seus aposentos,
deverão passar por este corredor. Como ele é muito estreito só pode passar um
de cada vez. O corredor era, de facto, muito escuro e estreito e todos tinham
de caminhar apoiando suas mãos nas paredes para não se perderem ou não se machucarem.
Finalmente todos chegaram diante do rei e este, sem conhecer qual o estratagema
do conselheiro cochichou-lhe:
- E agora o que faço?
- Com vossa permissão, Majestade, eu vou chamar a charanga para que toque
uma música e depois vou pedir a todos os pretendentes ao cargo, que dancem…
O rei achou muito estranho, mas fez o que o conselheiro lhe disse.
Todos os homens se esforçavam em dançar com elegância, mas o resultado era um
desastre. Parecia que tinham pés de chumbo. Apenas o homem mal vestido dançava com
uma leveza invejável. Os outros quase não se moviam…
Então, o conselheiro dirigiu-se a ele, mostrando-lhe o dançarino pobre e
disse-lhe: - É este é o vosso novo arrecadador - e explicou: Coloquei no
corredor, estreito e escuro, montões de moedas e jóias. Este foi o único que
não encheu seus bolsos com elas. Por isso dança tão levemente….»
O rei, finalmente, encontrou uma pessoa honesta. E se cá na Lusitânia
experimentássemos o estratagema?
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