sábado, fevereiro 08, 2014

TRABALHAR?!...


 
Apesar de esta história ser antiga e de se ter passado há muitos séculos, ainda continuamos todos a sofrer as suas consequências. Mas vamos a ela: era uma vez um senhor chamado Adão…

Adão e a companheira viviam regaladamente num local chamado Paraíso sem quaisquer preocupações, sem pagar renda de casa, isentos de IRS ou outros quaisquer impostos, sem presidentes, sem ministros, sem oposição, sem deputados, sem televisão, sem internet, sem telemóveis, sem poluição, alumiados apenas pela luz das estrelas!
Um dia, porém, Adão deixou-se levar pela conversa da consorte e desobedeceu a ordens superiores…
Vestiu fato de apurado corte, pôs gravata, arvorou-se naquilo a que hoje poderemos chamar de líder, encheu o peito de ar, queixou-se da falta de víveres frescos e trincou a maçã!...
E Deus não gostou! E indignou-se! E pô-los fora de casa tirando-lhes todas as regalias.
E à guisa de condenação deu-lhes como castigo – extensivo a todas as gerações vindouras - o cumprimento de uma tarefa humilhante e pesada a que deu o nome de Trabalho!
E aqui tendes caros leitores a verdadeira causa de todas as desgraças que atingem o Mundo e em particular o nosso rectângulo – O TRABALHO!
Não é por acaso que todos fogem dele. Aliás, com alguma razão, penso eu, pois tendo ele nascido de uma condenação divina, não deveriam, os crentes, excomungá-lo e evitar até qualquer privacidade com ele?
Seguindo esse critério e salvo opiniões em contrário dos especialistas na matéria, obrigar alguém a trabalhar não será um pecado? Não será incorrer na negação daquilo que nos ensinaram sobre a existência do tal Paraíso? 
Há quem condene os grevistas que fogem do trabalho como o diabo da cruz, mas bem vistas as coisas, algumas razões lhes assistem…
Aliás, se não houvesse trabalho, já repararam nos males que deixariam de nos afligir?
Não haveria impostos, não haveria sindicatos, não haveria greves, não haveria falências, não haveria ladrões por que não havia dinheiro; não haveria partidos políticos, porque não havia quem os subsidiasse; enfim, não havia tantas outras coisas más e tanta pouca vergonha...
Mas há ainda aqueles que defendem o trabalho e que não cessam de lhe atribuir predicados: “que o trabalho dá saúde, que sem trabalho não há pão, que o trabalho enobrece…”
E são, sobretudo, os “feitores” e os capatazes cá da quinta, que lançam esses boatos hipócrita e disfarçadamente, pois na verdade são os que menos fazem, mas que mais proveitos têm. Sem trabalhar…
Dir-me-ão que o que escrevi é uma forma jocosa de encarar um facto sério… É verdade. Mas também não é verdade que hoje tudo o que é sério é encarado com leviandade?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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