quarta-feira, novembro 13, 2013

PARAFRASEANDO...


A luta pela sobrevivência é cada vez mais renhida. E sendo o direito de viver um dos mais sagrados, não admira que os povos tomem cada vez mais consciência de que toda a gente tem, por direito natural, um lugar ao sol.
E nessa vontade incontida de encontrar esse lugar soalheiro, o mal é que, nos tempos que correm, tanto os povos como a s pessoas, tentam conquistá-lo levados por um sentimento de egoísmo tão feroz e dominador que não lhes deixa tempo disponível para a prática da verdadeira solidariedade e altruísmo.
Toda a gente sabe que as expressões direito dos povos e bem comum não passam de sofismas e ambiguidades usadas pela classe política nacional  para adormecer os ingénuos que ainda acreditam nesses manipuladores de consciências.
Vivemos numa Sociedade apostada num ânsia desmedida de prazeres e de proventos de ordem material. São muitas as diferenças entre as suas classes e enquanto a mais desfavorecida trava uma luta inumana para a sua sobrevivência, as outras, com mais ou menor sofreguidão, participam numa corrida desenfreada com o único objectivo de açambarcar a Vida para que dela possam matar a sua voraz fome de riqueza e de domínio.    
E o mais curioso e irónico é que esse demoníaco jogo, essa sede de lucros quer entre as classes quer entre as nações, tem sempre como “trunfo” essas ingénuas expressões direito dos povos e bem comum.
O Homem vai assim consumindo nessa vertigem de loucura, e quase sem se aperceber, os momentos de felicidade que a Vida lhe poderia oferecer se cultivasse os nobres sentimento de partilha e de solidariedade.
É tão grande a vontade de obter um cargo bem remunerado, que nem sequer se põe a questão da capacidade profissional. Os exemplos abundam, mas os mais flagrantes acontecem no campo da política em que a qualificação e a experiência de nada servem para a atribuição de cargos, alguns com chorudas remunerações.
Mais do que um diploma ou a possessão de conhecimentos científicos, literários, artísticos ou filosóficos, um simples cartão de um partido ou a cunha de um bom padrinho bastam para catapultar qualquer semi-analfabeto a um cargo superior!
A esta inversão de valores junta-se a degradação do sistema, acabando este binómio por estabelecer uma espécie de cumplicidade de que resultará mais tarde ou mais cedo a lei do vale tudo.
Diz-se alto e bom som que o país está à beira da falência, da ruina. E tudo indica que assim seja. No entanto, nesta nossa democracia caquéctica com um grupo de partidos que não se entende, mas que luta mutuamente em defesa do seu “estatuto”, é fácil concluir qual será o nosso destino como nação. A Imprensa traz-nos diariamente notícias de desvios de dinheiros, subornos e outras negociatas. Por vezes, de gente que ocupa altos cargos. De vez em quando, um figurão vai preso, mas não se passa disso…
Às vezes apetece-me parafrasear Almada Negreiros e dizer para com os meus botões que «é tão criminoso ser ladrão no meio de gente honesta, como ser honesto no meio de ladrões…»



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