Há anos, e apesar da lengalenga dos
nossos políticos a respeito da prevenção de incêndios, o resultado está à vista
- culturas queimadas, habitações destruídas, corpos calcinados e centenas de
hectares ardidos. Assistimos assim ao desaparecimento de grande parte da nossa
floresta. Montes verdejantes vão-se transformando em autênticas paisagens
lunares e se alguma coisa ainda nos resta, podemos agradecê-lo à boa vontade, à
coragem e à abnegação dos nossos Soldados da Paz, motivados apenas por
sentimentos de solidariedade e de altruísmo.
Todos nós sabemos que estes fogos de Verão
não se podem apagar com paliativos de última hora. O combate aos incêndios
florestais do Verão deve começar no Inverno... E não com discursos palavrosos e
ocos com que os nossos sapientíssimos políticos tentam endrominar os ingénuos.
A abertura de caminhos e aceiros, a construção de pontos de água são factores
fundamentais muitos falados em inaugurações e campanhas, mas completamente
esquecidos quando se trata da sua concretização.
Sendo a prática de atear fogos um puro
acto de terrorismo e até de terrorismo planeado, não só os culpados como os
cúmplices, deveriam ser castigados com penas que desmotivassem a execução de
tamanhos crimes. Porém, o que se verifica, é que, na maior parte dos casos, a
pretexto de qualquer tara mental (quase sempre inexistente!), culpado e cúmplices,
depressa são postos em liberdade. Os fogos combatem-se com água, mas também com
medidas repressivas. E parece que isso não é assim compreendido pelos
responsáveis. Não haverá, à semelhança do que acontece com outras práticas escuras
que por aí abundam, a cumplicidade de poderosos
com braço comprido?
Os incendiários são presos, mas são logo
postos em liberdade, porque sofrem de perturbações mentais ou são indivíduos
“traumatizados” pela droga ou pelo álcool. É assim que funciona a justiça.
Já no longínquo Verão de 2000, o
ministro, Fernando Gomes, distribuiu pelos pastores um binóculo, um boné, um
casaco e um telemóvel e promoveu-os a "guardiões da floresta". A
operação custou 125 mil euros em material e mais 25 mil para chamadas. Quem
ficou a ganhar foi quem vendeu o Kit, porque de resultados práticos nunca ouvi
falar. Treze anos depois nada se aprendeu e se formos ver o que as Autarquias
gastaram em prevenção, facilmente encontramos a explicação para tanta morte e
tanta desgraça!
Há dinheiro para festas, inaugurações, e
outros divertimentos, mas não para abrir aceiros ou construir pontos de água
nos locais mais apropriados das matas. Em 2000, quem lucrou foi quem vendeu os
Kits. Hoje são as Empresas que alugam helicópteros e aviões. Morrem bombeiros,
ardem matas, culturas, habitações, fica gente na miséria, mas ninguém é responsável.
Uma espécie de fatalismo está a criar-se na maior parte das mentes portuguesas.
Somos um povo de acomodados. Não sabemos até quando, mas as revoluções não
começam todas da mesma maneira.
Sem comentários:
Enviar um comentário