Dentro de alguns dias, eis-nos de novo a
dobrar o papelinho para depositar na caixinha a que, não sei por quê, se
continua a chamar, morbidamente, urna...
Lá estaremos, então, a escolher os
nossos representantes autárquicos, aqueles que no nosso entender melhor
defenderam ou poderão defender os nossos interesses.
Vamos todos. É um direito que temos. E é
a única arma que possuímos para fazermos valer a nossa liberdade. Usemo-la...
Quando não votamos, deixamos que os
outros decidam por nós; perdemos esse poder de decisão própria, e ficamos à
mercê daqueles que votaram, decidindo à sua maneira, muitas vezes manipulados e
industriados por estranhos, que nem sequer conhecem a nossa terra.
Ao não exercer o direito de votar, o
cidadão deposita a sua liberdade no vazio, deixando o caminho aberto a ideias
estranhas, muitas vezes até totalmente divergentes das suas.
Não se trata, nestas eleições, de eleger
senhores bem vestidos, bem nutridos e bem-falantes, que uma vez eleitos
esquecem completamente os interesses dos que neles votaram.
Trata-se, isso sim, de "votar
povo". Devemos por isso eleger cidadãos competentes, sérios, honestos que
se nos afigurem capazes de continuar ou melhorar as nossas condições de vida,
lutando pelo desenvolvimento e pelo nosso bem-estar.
Nas Autárquicas não deve haver
"direitas nem esquerdas". O que há a ter em conta são as pessoas. A
capacidade de empreender e de gerir, conjuntamente com a honestidade e o
verdadeiro conhecimento das necessidades do concelho ou da freguesia em que
residem, são as qualidades a ter em conta para a escolha.
Só quem vive em aldeias rurais do
interior sabe dar valor ao trabalho do presidente de Junta. Quando devotado ao
cargo, ele é uma espécie de faz-tudo e, muitas vezes, é ainda mal compreendido
por não poder solucionar problemas que ultrapassam a esfera das suas
competências.
É atendendo a tudo isso que é necessário
escolher um cidadão cujo perfil englobe não só as qualidades acima expostas,
mas também uma apreciável dose de abnegação, espírito de sacrifício e,
sobretudo, muita tolerância e muita paciência.
Façamos uma escolha acertada. Não nos
deixemos seduzir nem pelo folclore, nem pelas promessas "gordas"...
«Nunca se mente tanto como antes de uma
eleição, durante uma guerra ou depois de uma caçada...» - disse em tempos - e com razão- um célebre diplomata e político alemão.