A
boa educação, a delicadeza e as boas maneiras, caldeadas num cadinho com um
tudo-nada de cultura, traçavam, outrora, o perfil do mais comum dos Cidadãos.
Havia
depois os outros que, numa escala com números mais altos, constituíam a nata da
sociedade, onde se perfilavam as mais variadas profissões -juízes, médicos,
advogados, políticos e professores, faziam parte desse leque de indivíduos que,
na sua generalidade, inspiravam uma certa confiança e ditavam os padrões de
valores a seguir.
Sem
menosprezo para qualquer um dos citados, vou hoje falar-vos do Professor. E
isso porque, nesta Sociedade de hoje em que todos parecem apostados numa ânsia
desvairada de obtenção de prazeres e de lucros fáceis, continua a descurar-se,
completamente, a formação das gerações vindouras.
Se
é verdade que existem algumas excepções, e há ainda famílias em que os pais
sabem ensinar os filhos e incutir-lhes os valores da boa educação, do sentido
da responsabilidade, da disciplina e do respeito pelos mais velhos, a maior
parte dos nossos jovens desconhece, por completo, as mais rudimentares regras
desses padrões.
Não
vou aqui entrar em pormenores, nem tão pouco arvorar-me em moralista. Nada
disso. Já transpus muita barreira, já cai muitas vezes, levantei-me outras
tantas e não é agora, com o Sol quase no ocaso, que vou invadir terrenos
alheios e, quixotescamente, lutar contra essa fortaleza inexpugnável que é a Nova Escola.
O
que pretendo com este desabafo de hoje, é prestar uma sincera homenagem de
agradecimento e gratidão, ainda que póstuma (e bem póstuma!...), à minha
Professora da instrução primária, que fazia da sua profissão uma arte e um
sacerdócio. Instruir e educar, era a sua divisa. A Escola era o complemento do lar,
e o que não se trazia de casa era ensinado na sala de aulas. Era assim que era
construído o travejamento social do mundo de amanhã.
"O
magistério deve ser uma profissão vocacional; não há pior mestre que o animado
por simples fins lucrativos, nem pior pedagogia do que a aquela que é praticada
sem amor..."
Nesta
citação está a resposta para muitas das situações que se vivem actualmente nas
nossas Escolas.
Academicamente,
posso não ser a pessoa abalizada para tal conclusão. No entanto, o meu CV – o “Certificado
de Velhice” – um diploma que a velhice me conferiu e que foi obtido não em
aulas teóricas, mas em aulas práticas e vividas, autoriza-me a fazê-lo.
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