sexta-feira, março 04, 2016

DESABAFO



Todos sabemos que além da crise monetária, outras crises, mormente a de valores, se instalaram um pouco por toda a parte - em casa, na escola, no escritório, na igreja… A crise está em tudo onde a comunidade exige o esforço de cada um para construir o bem de todos.
E acreditem - não é com pessimismos e má disposição que conseguiremos ultrapassar todo esse estado de coisas!...
Às vezes ponho-me a observar o semblante das pessoas que giram à minha volta e o que vejo é uma espécie de tristeza, de desânimo, estampados nos seus rostos…Há situações em que pergunto a mim mesmo se essa apreciação não terá a ver com a diferença de idade ou com qualquer outro preconceito escondido, que me impede de me ‘aclimatar’ a este modo de vida actual!
Mas penso que não, pois apesar de a partir de certa idade não podermos recuperar “coisas” perdidas, podemos sempre e quando queremos, alargar os nossos horizontes de aprendizagem e moldarmo-nos aos hábitos e costumes que nos cercam. Nunca é tarde, nem há idades para aprender. É sempre tempo de enriquecer, quer os conhecimentos quer a maneira de viver num mundo diferente daquele de onde viemos. O velho aforismo de que «burro velho não aprende línguas» virou (como se diz no Brasil) e agora diz-se «cavalo velho, capim novo», isto é, actualização, modernidade, estar na moda… É difícil, eu sei. Mas não impossível…
O que penso é que, muitas dessas pessoas se julgam infelizes, porque nunca tiveram dificuldades, porque tudo lhes caiu do céu e jamais tiveram necessidade de reagir, de pensar e por isso, são incapazes de enfrentar os seus problemas, as suas adversidades com determinação e coragem. Desistem covardemente sem o menor respeito pela sociedade a que pertencem e a quem devem a sua existência. Voltam as costas aos escolhos que encontraram no caminho e tornam-se egoístas, invejosos, maldizentes e por vezes até difamadores. O que lhes interessa é a completa satisfação do seu ego a curto prazo. E não olham a meios…
E assim deixam de enfrentar a Vida. Deixam de lutar. Anulam-se a si próprios. Face a essa situação não admira que as decepções, os desgostos e as amarguras da Vida atinjam tais proporções que acabam, quase sempre, por fazer deles as vítimas do desespero que eles próprios criaram.
Reforçando o que acima disse, muitos julgam-se infelizes, porque desistiram de lutar, e estão sempre à espera de que os outros lutem por eles… Não fazem, mas exigem que façam. Não têm, mas exigem que lhes dêem…
Vivemos no reinado de el-rei D. Dinheiro. Todos querem ser ricos. Se é o seu caso, deixe de chupar limão. Sorria. Aliás, ‘tristezas não pagam dívidas’, que era o lema do meu tetravô, que era pobrete, mas alegrete…

 

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